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Crase

Olá, pessoal! Tudo bem?

Hoje trago a vocês um post gigante e completo sobre o uso da crase!

Divirtam-se!

 

CRASE

 

O uso do sinal indicativo de ocorrência da crase parece ser mais complicado do que é. O importante, para evitar confusões, é tentar entender porque aquele “acento agudo ao contrário”, cujo nome é acento grave, aparece sobre a vogal A.

 

Fundamentos

 

A crase é um fenômeno sintático que acarreta a fusão de duas vogais iguais que aparecem em sequência. Na Língua Portuguesa, tal fenômeno ocorre somente com a vogal A e é marcado pelo acento grave.

Haverá crase sempre que a preposição A fundir-se com o artigo A, o pronome demonstrativo A e o A inicial dos pronomes demonstrativos aquele, aquela e aquilo. Esquematizando, temos:

 

A – preposição

+ A artigo

Enviou o presente à amiga.

+ A pronome demonstrativo

Referiu-se à que chegou (= àquela que chegou).

+ A inicial de pronome demonstrativo

Não fez alusão àquilo.

 

O ponto de partida para descobrir se deve ou não haver o sinal indicativo de crase em uma frase é verificar se um termo exige a preposição A e se outro admite a letra A artigo ou, ainda, se foi utilizado o A pronome demonstrativo (= aquela) ou algum pronome demonstrativo iniciado com a letra A. Seguem alguns exemplos:

 

Dizia tudo à amiga.

O verbo dizer, tal qual usado neste caso, é VTDI – tem um OD e um OI. Seu OI é introduzido pela preposição A, pois “quem diz, diz algo a alguém”. O termo que exerce a função de OD na frase é o substantivo feminino amiga. Como substantivo feminino que é, admite ser determinado pelo artigo definido A. Sendo assim, temos: Dizia tudo a (preposição) + a (artigo) amiga –> Dizia tudo à amiga.

 

Dizia tudo àquela amiga.

Esta situação é parecida com a anterior, mas agora a fusão acontece entre a preposição A, exigida pelo verbo, e o A inicial do pronome aquela. Dizia tudo a + aquela amiga –> Dizia tudo àquela amiga.

 

Dizia tudo à de verde.

Neste caso, temos a mesma preposição A que, agora, funde-se com o pronome demonstrativo A (a frase equivale a “dizia tudo àquela de verde”). Dizia tudo a (preposição) + a (pron. demonstrativo) de verde –> dizia tudo à de verde.

 

Concluímos que, excetuando-se as situações em que o acento grave é justificado pela tradição linguística (que serão oportunamente estudados), o sinal indicativo de crase acontecerá por causa da fusão da preposição A com  a letra A de outra natureza.

 

Casos proibidos

Vejamos as regras que proíbem o uso do sinal indicativo de crase:

 

A. Antes de palavras masculinas no geral.

Atenção para o destaque dado à expressão “no geral”.  Não ocorrerá crase antes de palavras masculinas porque estas não podem ser determinadas nem pelo artigo feminino A, nem pelo pronome demonstrativo A. Sendo assim, não teremos sinal grave em frases do tipo:

 

A presidente falou a respeito do novo Código Florestal.

Todos compareceram ao evento, como havia sido combinado.

 

Tenhamos cuidado em duas situações:

1. Quando a preposição A fundir-se com o A inicial de AQUELE, haverá crase (e ela estará na própria palavra masculina, o pronome demonstrativo).

Enviou os documentos àquele departamento.

2. Quando a expressão “moda de” estiver subentendida entre a letra A e um nome masculino, será preciso usar o acento grave, obrigatoriamente.

 

Aquele jovem intelectual escreve à Machado de Assis. (= à moda de Machado de Assis)

B. Antes de palavras, ainda que femininas, usadas em sentido genérico.

Trata-se, aqui, de uma questão de sentido da frase. Imaginemos, por exemplo, um evento voltado para crianças, ao qual elas sejam levadas pelos pais. Durante este evento, uma organizadora decide conversar com o público infantil do local, falando coisas que só interessam a ele. Poderíamos dizer:

 

A organizadora dirigiu-se a criança, não a adulto.

 

            Nessa frase, o termo criança (assim como adulto) foi tomado em sentido genérico. O que se quer dizer é que a organizadora falou ao público infantil, falou coisas do interesse de crianças, e não que ela conversou com uma criança específica. Como o substantivo criança foi usado no sentido genérico, ele não pode ser determinado pelo artigo feminino A e, consequentemente, não haverá nada com que a preposição A possa se fundir antes dele.

Diferente seria o caso de uma funcionária do evento aproximar-se de um menino e de seu pai e, falando ao menino, perguntasse se ele queria um brinquedo. Deveríamos escrever:

 

A funcionária dirigiu-se à criança, não ao adulto.

 

            Como se trata de uma criança específica, o substantivo a ela referente deverá ser precedido do artigo definido A, o qual se fundirá com a preposição A, exigida pelo verbo dirigir-se. Note-se que o mesmo acontece com o termo adulto, que, por ser masculino, é determinado pelo artigo masculino O, que se une à preposição que o antecede, formando AO.

 

C. Antes de verbos

Verbos são palavras que não possuem gênero e, se efetivamente usados como verbos, não serão determinados por artigos ou pronomes demonstrativos. O que pode acontecer é a substantivação de um verbo, processo que o converterá em um substantivo. Quando isso ocorre, todavia, ele forma um substantivo masculino (exemplo do verbo andar utilizado como substantivo: o seu andar é muito elegante).

Preços a partir de R$ 100,00.

            Ela possui muitas qualidades, a saber: honestidade, competência e humildade.

 

D. Depois de preposição

EXCEÇÃO: preposição até (cf. “casos facultativos”).

A regra é que, no uso da Língua Portuguesa, não se usem duas preposições seguidas. Há, porém, algumas exceções, como é o caso de até, que pode ser seguida da preposição a, e das combinações por entre, de entre e para com.

 

Deverei comparecer perante a juíza. (esse A é somente o artigo, pois já temos a preposição perante, que não admite que se use a preposição A em sua sequência.)

 

E. Antes de artigos indefinidos

Os artigos indefinidos são um, uma, uns, umas. Se pensarmos bem, não faz mesmo sentido colocar o acento grave quando, depois dele, vier um artigo indefinido. Afinal de contas, é contraditório usar o artigo indefinido e o indefinido ao mesmo tempo. Para clarear, um exemplo:

A frase “enviou o recado à uma amiga” pode até parecer correta à primeira vista, mas desmembremo-la: enviou o recado a (preposição) + a (artigo definido) + uma (artigo indefinido) amiga. Não é possível determinarmos o mesmo substantivo, ao mesmo tempo, com um artigo definido e um indefinido, porque isso seria completamente incoerente.

Algumas frases corretamente construídas:

 

Referia-se a uma medida governamental qualquer.

            Contou a uma tia o que se passava com a mãe.

 

F. Antes de pronomes…

F.1. demonstrativos que não comecem com a letra A

Trata-se dos pronomes esse, essa, este, esta (e seus plurais) e isto.

 

Peça desculpas a essa moça, meu filho.

            Não sei se recorro àquele médico para uma segunda opinião ou se envio o resultado dos exames a este mesmo.

            Tenho certeza de que ele não se referia a isto quando nos fez aquela proposta.

 

F.2. Antes de pronomes indefinidos

São exemplos de pronomes indefinidos: qualquer, todo, toda, cada…

 

Ele tem bom coração. Certamente perdoará a qualquer devedor que tiver uma boa justificativa.

            Mande os meus convites a todas as minhas amigas!

 

F.3. Antes de pronomes pessoais

            Exemplos de pronomes pessoais: eu, tu, ele, nós, vós, eles, o, os, me, te, se, mim…

 

Indicou o corretor a ela.

            Envie sua mensagem a mim tão logo chegue em casa.

 

F.4. Antes de pronomes de tratamento

            Exemplo de pronomes de tratamento: você, Vossa Excelência, Sua Senhoria, Vossa Alteza…

 

            Não cabe a você tomar todas as decisões.

            Endereçarei esta carta a Sua Senhoria assim que terminar de escrevê-la.

 

ATENÇÃO: os pronomes de tratamento senhora e senhorita não entram nesta regra. Antes deles, ocorrerá crase caso seja exigido o uso da preposição A.

           

            Não cabe à senhora tomar todas as decisões.

            Endereçarei esta carta à senhorita assim que terminar de escrevê-la.

 

ATENÇÃO 2: o pronome de tratamento dona (feminino de dom) não pode ser precedido de artigo. Sendo assim, antes dele não ocorrerá crase. Se a palavra dona for usada no sentido de posse, poderá ser precedida de A craseado.

            Aplicaram uma multa a dona Maria porque o cachorro dela fez coco na calçada. (dona – pronome de tratamento.)

Aplicaram uma multa à dona do cachorro porque ele fez coco na calçada. (dona – posse.)

           

G. Antes de numerais cardinais, salvo se indicarem horas.

 

            O retorno fica a 200 metros.

            Minha casa fica a quinze minutos de caminhada daqui.

 

H. Em locução formada por palavras repetidas.

São exemplos deste tipo de locução: frente a frente, cara a cara, boca a boca, lado a lado, face a face, dia a dia…

 

O salva-vidas fez respiração boca a boca no rapaz que havia se afogado.

            Ficaram cara a cara, mas não disseram nada.

           

Casos facultativos

Diante de um caso facultativo, quem escreve pode optar por usar ou não o sinal indicativo de crase. Vamos entender porque isso acontece enquanto analisamos tais casos:

 

A. Antes de pronomes possessivos femininos, quando tanto o A quanto o pronome estiverem no singular.

            Antes de pronome possessivo, seja ele qual for, o uso do artigo é facultativo. Sendo assim, estão corretas todas as frases abaixo:

 

Aquela é minha mãe./Aquela é a minha mãe.

            Ele bateu em meu carro./Ele bateu no meu carro. (no = em + o)

O meu cachorro fugiu./Meu cachorro fugiu.

 

O fato de o artigo ser facultativo antes de pronomes demonstrativos somente afetará o uso da crase antes de pronomes possessivos femininos singulares, pois é somente antes deles que se pode escolher entre usar ou não o artigo A (antes dos demais escolhemos o, os, as). Logo, teríamos:

 

Referiu-se a meu irmão. (sem artigo)/Referiu-se ao meu irmão. (com artigo)

            Referiu-se a minha irmã. (sem artigo)/Referiu-se à minha irmã. (com artigo)

Todas as opções acima estão corretas. Comparando umas às outras, vemos que a preposição sempre está lá. O que pode ou não ser usado é o artigo.

 

Fique esperto!

  • Se houver palavra subentendida depois do pronome possessivo feminino singular, a crase será obrigatória.
    • Sua opinião é igual à minha (opinião). Crase obrigatória.
    • Ele não poupou críticas à/a minha opinião. Crase facultativa, pois não há palavra subentendida.
    • Se o A estiver no singular e o pronome possessivo feminino estiver no plural, a crase será proibida.
      • Não poupou críticas a minhas opiniões. Crase proibida, pois sabemos que, se o artigo estivesse ali, ele concordaria em número com o pronome a que se refere, de modo que teríamos às minhas, e não a minhas.
      • Se, em um caso semelhante ao de cima, o AS estiver também no plural, a crase será obrigatória.
        • Não poupou críticas às minhas opiniões. Crase obrigatória, pois como o AS encontra-se no plural, temos certeza de que trata-se da fusão da preposição A com o artigo AS, pois preposições são invariáveis (e, assim, não passam para o plural).

 

B. Depois da preposição ATÉ.

Antes dos pronomes possessivos, o artigo é facultativo. Após a preposição até, a preposição A é facultativa. Sendo assim, a crase também o será. Vejamos:

 

Fui até o clube.

            Fui até ao clube.

            Fui até a faculdade.

            Fui até à faculdade.

 

Todos os exemplos acima estão corretos e, pelo que se vê por eles, o artigo sempre aparece depois de até. O que pode ou não ser usado, a critério de quem escreve, é a preposição. Caso usemos a preposição A, depois de até, antes do artigo feminino A, teremos que utilizar o acento grave para marcar a ocorrência da crase.

 

C. Antes de nomes próprios femininos sem sobrenome e sem indicação de intimidade.

Ambas as frases abaixo estão corretas:

 

Enviou o recado a Marta.

Enviou o recado à Marta.

 

ATENÇÃO: a crase somente é facultativa antes de nomes próprios femininos se eles não vierem acompanhados de sobrenome ou de determinante que indique intimidade. Isso acontece porque o uso do artigo antes de nome próprio, seja de que gênero for, indica intimidade. O sobrenome, por sua vez, indica distanciamento.  Logo, concluímos que:

  • Se usarmos o nome próprio feminino sem sobrenome ou sem determinante que indique intimidade, não indicaremos proximidade ou distanciamento. Neste caso, poderemos escolher por usar ou não o artigo. Se usarmos, haverá crase (desde que haja algum termo que exija a preposição A). Se não usarmos, não haverá crase.
  • Se usarmos o sobrenome, indicaremos distanciamento, formalidade e, por isso, não poderemos usar o artigo antes. Seria incoerente indicarmos, ao mesmo tempo, num mesmo enunciado, proximidade (com o artigo) e distanciamento (com o sobrenome).
    • Enviou o recado a Marta Suplicy.
    • Se usarmos um determinantes que indique intimidade, teremos que usar o artigo, já que a proximidade entre quem escreve e a pessoa sobre a quel se escreve ficou evidenciada.
      • Enviou o recado à Marta, minha namorada.

 

Casos especiais

 

A. Antes das palavras terra, casa e distância.

A.1. Se tais palavras aparecerem sem determinantes, não se pode usar crase.

 

Acabei por retornar a casa, ainda que muitos anos depois.

            O segmento de educação a distância vem crescendo ano a ano.

            O marinheiro voltou a terra e reencontrou sua família.

 

A.2. Se tais palavras vierem determinadas, deve-se usar crase, desde que seja exigida a preposição A.

 

            Acabei por retornar à casa de meus pais, ainda que muitos anos depois.

            O marinheiro retornou à terra natal e reencontrou sua família.

            O atirador de elite observava o ladrão de bancos à distância de 500 metros.

            Depois do recesso, os parlamentares regressaram à Casa para votar.

            O momento que um astronauta mais espera é a hora de voltar à Terra.

 

B. Antes de topônimos (nomes de lugares)

            Os topônimos podem ser:

  • Masculinos: precedidos do artigo O. Nunca são precedidos de crase.
    • O Ceará.
    • Femininos: precedidos do artigo A. Sempre que há a exigência da preposição A, são precedidos por crase.
      • A Itália.
      • Neutros:
        • Se não forem especificados, não aceitam artigo A e não levam crase.
          • São Paulo.
  • Se forem especificados, aceitam o artigo A e levam crase.
    • A São Paulo da garoa.

 

Para saber se um topônimo é feminino ou neutro, use o troque de dizer: “vou a, volto de” (neutro) e “vou à, volto da” (feminino). Vejamos:

 

Regressou à Inglaterra dois anos depois. (quem vai À Inglaterra, volta DA Inglaterra – feminino – crase obrigatória).

Iria a Belo Horizonte se o dinheiro desse. (quem vai A Belo Horizonte, volta DE Belo Horizonte – neutro sem especificador – crase proibida).

Iria à Belo Horizonte das memórias de sua infância. (neutro especificado – crase obrigatória).

 

Casos obrigatórios

 

A. Casos obrigatórios que se justificam pela fusão da preposição A com outra vogal igual.

A.1. Fusão da preposição A com o artigo A ou AS.

 

Era contrário à medida tomada pela direção da empresa.

            Dirigiu-se às pessoas presentes com muita educação.

 

A.2. Fusão da preposição A com a letra A inicial de aquilo, aquele(s) e aquela(s).

 

            Não faça alusão àqueles tempos, pois sabe que isso incomoda seu pai.

            Visava àquela promoção desde o primeiro dia de trabalho.

            Não me referi àquilo que você ontem.

 

A.3. Fusão da preposição A com o pronome demonstrativo A.

 

Entregue as flores à de vermelho, por favor. (=àquela de vermelho).

Contou o segredo à que era mais fofoqueira. (=àquela que era mais fofoqueira).

 

Fique esperto!

            Como se vê pelos exemplos acima, a letra A antes de QUE e DE receberá acento grave sempre que tiver valor de aquela, desde que a preposição A seja exigida na frase.

 

B. Casos obrigatórios que se justificam pela tradição linguística.

B.1. Indicação de horas.

 

            O filme começa às 19h.

            Sairei às três.

 

Ao indicar um intervalo, combine sempre a preposição DE com a preposição A (sem crase) e a contração DA(S) com a contração À(S), que resulta da fusão de A + A.

 

A aula vai de 13h a 17h.

            A aula vai das 13h às 17h.

            A festa foi de uma da manhã a uma da tarde do dia seguinte.

            A festa foi da uma da manhã à uma da tarde do dia seguinte.

 

B.2. Em locuções adverbiais, conjuntivas e prepositivas femininas.

São exemplos de tais locuções: à espera, à frente, à direita, às vezes, à medida que, à proporção que, à noite, à tarde, à toa…

 

Eu aprendo à medida que estudo.

            Muitas pessoas, em vez de lutarem por seus objetivos, vivem à espera de milagres.

            Vire à direita, por favor.

 

ATENÇÃO: se alguma das expressões acima for utilizada de modo a não corresponderem a uma locução adverbial, prepositiva ou conjuntiva, ela não necessariamente apresentará crase. Vejamos:

            À noite, passa rapidamente. (“à noite” é um adjunto adverbial. Logo, há crase, pois trata-se de uma locução adverbial feminina. A frase quer dizer que algo ou alguém [3a do singular] passa depressa à noite.)

            A noite passa rapidamente. (“a noite” é o sujeito, e núcleo do sujeito nunca pode apresentar crase. A frase quer dizer que a noite não demora a passar, que o dia chega logo.)

 

B.3. Na expressão à moda de, ainda que antes de palavras masculinas e mesmo que moda de venha subentendido.

 

Ele canta à moda de Frank Sinatra.

            Ele canta à Frank Sinatra.

            Esse novo talento faz filmes à George Lucas.

 

Observações finais

 

A. Não caia na pegadinha dos verbos transitivos diretos e indiretos (VTDI). Sempre que um verbo for VTDI, ele terá que ter um OD e um OI, não sendo permitido que ele apresente dois OD ou dois OI. Vejamos:

 

Informaram a família sobre o mau comportamento do menino. (frase correta. “A família” é o OD, “sobre o mau comportamento…” é o OI, pois vem regido da preposição “sobre”).

 

Informaram à família o mau comportamento do menino. (frase correta. Dessa vez os objetos trocaram de lugar, e “à família” [agora OI] veio regido da preposição A enquanto “o mau comportamento…” assumiu o papel de OD).

 

Informaram à  família sobre o mau comportamento do menino. (frase incorreta. O verbo apresenta dois objetos indiretos e nenhum direto. Uma das preposições [A ou SOBRE] tem de ser eliminada para que o problema seja sanado. Logo, apesar de não haver problema algum em usar crase no trecho “informaram à família”, o restante da oração deve também ser analisado a fim de se evitar uma conclusão precipitada sobre a correção da frase).

 

B. Crase e pronomes relativos QUE e A QUAL/AS QUAIS.

Sabemos que, muitas vezes, o pronome relativo vem antecedido de preposição. Isso acontece quando o termo posterior a ele o exige. O que às vezes passa despercebido é que, se trocarmos o pronome QUE por A QUAL ou AS QUAIS e ele estiver precedido da precedido da preposição A, essa troca fará com que ocorra crase. Isso acontece porque, diferentemente do QUE, A QUAL e AS QUAIS vêm com o artigo A “de fábrica”.

 

A pessoa a que me referi chegou. ( O verbo referir pede a preposição A, que tem que ser colocada antes do pronome relativo QUE).

A pessoa à qual me referi chegou. (Aqui ocorre o mesmo, mas a preposição A é colocada antes do pronome A QUAL. Logo, A + A QUAL = À QUAL).

As pessoas às quais me referi chegaram. (A + AS QUAIS = ÀS QUAIS).

 

C. Lembre-se do paralelismo sintático.

 

Veja a frase abaixo:

 

Prefiro Português à Matemática.

 

            Essa frase está incorreta porque não respeitou o paralelismo sintático, ou seja, não foi coerente do ponto de vista estrutural. O verbo preferir exige a preposição A, pois é utilizado assim: preferir uma coisa A outra coisa.

Se existe um sinal indicativo de crase antes de Matemática é porque, além da preposição exigida pelo verbo, está lá, também, um artigo definido (A), que é admitido pelo nome.

Ora, se usamos um artigo antes de Matemática, temos que usar um também antes de Português. Só assim respeitaremos o paralelismo sintático da frase. Estariam corretas as duas opções abaixo (com artigo antes dos dois ou sem artigo antes dos dois):

 

Prefiro o Português à Matemática.

            Prefiro Português a Matemática. (a ausência de artigo antes de Matemática acarreta a ausência de crase).

            

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Questões Cesgranrio comentadas

Saudações, leitores!

            Eu não ando tão presente no blog quanto gostaria porque o tempo está corridíssimo. Apesar disso, estou aqui para comentar as últimas questões da Cesgranrio antes da prova do Banco do Brasil, que acontecerá no próximo domingo.

            Escolhi hoje questões da última prova da Petrobrás, de 2012 (cargo de nível superior, com formação em Administração).

            Aqui estão:

Questão 01: O trecho “Pensa-se logo num palhaço” (l. 38-39) pode ser reescrito, respeitando a transitividade do verbo e mantendo o sentido, assim:

(A) O palhaço pode ser logo pensado.

(B) Pensam logo num palhaço.


(C) Pode-se pensar num palhaço.


(D) Pensam-se logo num palhaço.

(E) O palhaço é logo pensado.

RESPOSTA:

            O próprio enunciado da questão já dá a dica: para resolvê-la, o candidato tem que verificar a transitividade verbal. Quem se lembrou de que somente VTD e VTDI aceitam voz passiva elevou muito as chances de marcar a alternativa correta.

            O verbo “pensar” foi, aqui, usado como VTI. Sendo assim, aquele “se” que o acompanha não pode ser considerado partícula apassivadora. Conclui-se, então, que a frase não está na voz passiva sintética e que não pode ser convertida para a voz passiva analítica.

            A voz do verbo, no trecho do enunciado, é ativa. O “se” que o acompanha tem a função de mostrar que não se sabe ou não há interesse em dizer quem é o sujeito. Logo, o “se” é um índice de indeterminação do sujeito.

            Sabendo que verbos que não sejam VTD ou VTDI não aceitam a voz passiva, podemos eliminar as alternativas A e E.

            Outro detalhe: quando um verbo é acompanhado de “se” com a função de IIS, ele deve ficar na 3a pessoa do singular. Logo, podemos eliminar a alternativa D.

            Ficamos entre B e C.  A alternativa C apresenta uma frase correta, com “se” exercendo a função de IIS. Todavia, o sentido dela é diferente do sentido apresentado pelo trecho do enunciado. Neste, não há ideia de possibilidade. Naquele, sim.

            A resposta, então, é a letra B. Além do uso do “se” – IIS, há outra forma de indeterminar o sujeito: utilizando-se o verbo na 3a pessoa do plural sem que haja referência anterior ao sujeito dele. Logo, o sentido de “pensa-se logo num palhaço” é o mesmo de “pensam logo num palhaço”.

RESPOSTA: letra B.

 

Questão 02: A expressão em que a retirada do sinal indicativo de crase altera o sentido da sentença é

(A) Chegou à noite.


(B) Devolveu o livro à Maria.


(C) Dei o presente à sua irmã.


(D) O menino foi até à porta do circo.

(E) O circo voltou à minha cidade.

RESPOSTA:

Nem sempre a  retirada do acento grave indicativo de crase acarretará erro. Quando a crase for facultativa, sua retirada em nada alterará a sentença; se ela for obrigatória, sua omissão implicará erro; caso ela seja proibida, não deve aparecer de jeito nenhum.

Em algumas situações, porém, a opção pelo uso do sinal indicativo de crase depende do sentido que se deseja dar à frase.

Na questão analisada, temos as seguintes situações:

Letra B – crase facultativa: o uso da crase antes de nome próprio feminino obedece às seguintes regras:

1. Nome próprio completo: crase proibida, pois o uso da crase indica que há, além da preposição, o artigo “a”. A colocação de artigo antes de um nome próprio denota um contexto de intimidade, enquanto o uso do nome próprio completo indica que há formalidade. Logo, a convivência entre artigo e nome completo é algo incoerente.

2. Nome próprio – uso do primeiro nome + determinante que indique proximidade: crase obrigatória. Se houver alguma expressão que denote intimidade, o artigo deverá ser usado antes do nome. Se o nome for feminino e precedido, também, da preposição A,  ocorrerá crase. Se tivéssemos, então, a sentença “dei um presente à Ana, minha amiga”, a crase seria obrigatória.

3. Nome próprio – uso somente do primeiro nome, sem determinante que indique intimidade: crase facultativa. Como não há contexto que indique intimidade e nem que indique formalidade, a colocação da crase passa a ser uma opção de quem escreve.

Letras C e E – crase facultativa.

            O uso de artigo antes de pronomes possessivos é facultativo. Logo, posso dizer tanto “este é o meu livro” quanto “este é meu livro”.  Quando temos um pronome possessivo feminino singular precedido da preposição “a”, deparamos com a seguinte situação: não é possível afirmar com certeza se, além da preposição, há também um artigo ali. Vejamos:

Dirigiu-se a minha bicicleta.

            Havendo ou não artigo nessa frase, o “a” ficará no singular, pois artigos concordam com o termo a que se referem.  Se a crase acontecer, é sinal de que o artigo está lá; se não for, só há preposição. Usar ou não o acento grave, nesse caso, é opção de quem escreve.

            Se, todavia, estivéssemos diante do seguinte enunciados, a situação seria outra:

Referiu-se às minhas palavras.

            Aqui, temos um pronome possessivo feminino plural precedido por “as”, também no plural. Como a preposição é uma palavra invariável, sabemos que o termo que foi para o plural, acima, é um artigo. Logo, ÀS é a soma de A (prep.) + A (art.). Assim, havendo exigência de preposição, se tivermos AS + pronome possessivo feminino no plural, a crase será obrigatória.

            Pelo contrário, se a frase fosse escrita como abaixo, o que ocorreria?

Referiu-se a minhas palavras.

            A ausência de concordância entre o “a” e o “minhas”, acima, indica que não há artigo para se fundir com a preposição, de modo que a crase não pode acontecer. Conclusão: quando há exigência de preposição, se houver um A (singular) que anteceda pronome possessivo feminino no plural, a crase será proibida.

OBSERVAÇÃO: se houver palavra subentendida, a crase antes de pronome possessivo feminino singular será obrigatório. Exemplo:

Referiu-se às minhas palavras, não às suas. (O vocábulo “palavras” está subentendido aí, depois de suas. Logo, a crase é obrigatória).

Letra D – crase facultativa.

            A regra geral enuncia que não pode haver crase depois de preposição. Temos, todavia, uma exceção: após a preposição “até” a ocorrência de crase é facultativa, pois, nesse caso, o uso da preposição “a” é facultativo! Observem:

Fui até o parque.

Fui até ao parque.      

            Ambas as frases acima estão corretas. Na primeira, optou-se por não usar a preposição “a”. Na segunda, ela foi usada. Quando a palavra é feminina, a opção pelo uso da preposição “a” acarreta sua fusão com o artigo “a”, o que implica a existência do sinal indicativo de crase.

O menino foi até a porta do circo – somente artigo

O menino foi até a+a porta do circo – preposição + artigo = O menino foi até à porta do circo.

Letra A – pode-se usar ou não a crase, mas a opção por usar ou não acarreta variação brusca de sentido.

Chegou à noiteo termo em negrito é uma expressão adverbial feminina, por isso apresenta acento grave. O sujeito é desinencial, marcado pela terminação do verbo (3a pessoa do singular – ele/ela).

Chegou a noiteo termo em negrito é o sujeito da frase (quem chegou? A noite). Como é sujeito, não pode apresentar acento grave, pois o núcleo do sujeito não pode ser preposicionado. Essa frase equivale a dizer “anoiteceu”.

Sendo assim, a alternativa em que a retirada do sinal indicativo de crase acarreta mudança de sentido é a letra A.

RESPOSTA: letra A.

            Espero que essas últimas dicas voltadas para a prova do Banco do Brasil tenham sido úteis!

            Boa sorte a todos que vão se submeter ao concurso!

            Abraços!

4 comentários »

Encontre o erro!

Não dá pra confiar em tudo que se vê por aí! Esta placa, que um amigo meu fotografou na entrada de BH, é uma prova disso:

 

Vejam bem o tamanho dessa crase antes de “200m”! Não pode!

O uso da crase antes de números é proibido, exceto no caso de horas _ aí é obrigatório! Sendo assim, o retorno fica A 200M, sem acento grave em cima do A.

Alguém aí tem algum flagra de deslize gramatical para enviar?

Abraços!

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Semana Fumarc – prova da Prefeitura de Ouro Preto (Administrador) – Parte II

Alô, leitores!

Conforme prometido, aqui estão as cinco questões da segunda parte da prova da Prefeitura de Ouro Preto, aplicada pela Fumarc em 2011.

E não se esqueçam de que na próxima semana teremos comentários às questões da Cesgranrio!

Divirtam-se!

Questão 06: A linguagem utilizada no contexto, sobre a origem e significado do nome de Ouro Preto, no 1o §, pode ser considerada

a)  conotada, uma vez que se articula em um contexto literário.

b)  denotada, pois se assemelha a de um dicionário.

c)  informal, porque há indícios de incorreções gramaticais.

d)  prolixa, já que se articula em um contexto científico.

RESPOSTA: definindo os termos trazidos pela questão, temos:

Linguagem denotada (ou denotativa): relacionada ao uso das palavras com seu sentido real, literal.

Linguagem conotada (ou conotativa): relacionada ao uso das palavras com um sentido que extrapola o literal; a palavra tem o seu sentido original alterado ou ampliado.

Linguagem informal: utilizada em situações comunicativas informais, como a linguagem falada, que não deve obediência estrita ao padrão culto da língua.

Linguagem prolixa: existe quando utilizada de maneira exagerada (em quantidade, não se relacionando à figura de linguagem hipérbole), falando-se muito para transmitir pouca manifestação. É prolixo quem não consegue sintetizar o que vai dizer ou escrever.

RESPOSTA: letra B (as palavras do 1o § são utilizadas em seu sentido literal, sem coloquialismos e sem exageros de quantidade).

 

Questão 07: Assinale a alternativa em que a circunstância a que reme- te o termo sublinhado está INCORRETAMENTE indicada entre colchetes.

a)  À medida que se expandia a atividade mineradora, o barroco explodia na riqueza de suas formas, na pompa e no fausto de suas solenidades religiosas e festas públicas, vindo marcar, de maneira definitiva, a sociedade que se constituiu na região. [TEMPO].

b)  Foi D. João V quem mandou retirar o “Albuquerque” do nome e adotou a “Vila Rica de Nossa Senhora do Pilar”, para homenagear a padroeira da cidade. [FINAL].

c)  Vila Rica cresce e exaure-se o ouro, mas cria uma civilização ímpar, com esplendor nas artes, nas letras e na política. [ADVERSIDADE].

d)  A Inconfidência Mineira é o apogeu do pensamento político e faz mártires entre padres, militares, poetas e servidores públicos, liderados por Tiradentes. [ADITIVA].

RESPOSTA: a presente questão exige do candidato o conhecimento dos conectores. As conjunções destacadas nas letras B, C e D têm seus valores corretamente indicados nos colchetes. O conector á medida que, todavia, por mais que possa parecer indicar o tempo em que algo ocorre, traz, na verdade, a noção de proporcionalidade. Os conectores de proporcionalidade não pontuam o tempo em que determinado fato aconteceu, mas dão a entender que uma coisa se desenvolvia simultaneamente ao desenvolvimento de outra.

São exemplos de conjunções proporcionais: à medida que, ao passo que, à proporção que, quanto mais… (mais), quanto menos… (menos), entre outras.

Um exemplo de utilização de uma conjunção proporcional: Envelhecemos à proporção que o tempo passa.

RESPOSTA: letra A.

Questão 08: Releia o fragmento:

“Foi D. João V quem mandou retirar o “Albuquerque” do nome e adotou o “Vila Rica de Nossa Senhora do Pilar”, para homenagear a padroeira da cidade.”

Infere-se que os articuladores destacados se referem à classe gramatical do (a)

a) pronome.

b) preposição.

c) conjunção.

d) artigo.

RESPOSTA: as palavras que colocamos diante de substantivos para lhes dar sentido determinado ou indeterminado pertencem à classe dos artigos. Os artigos, então, servem para trazer uma noção de definição (o/a e plurais – artigos definidos) ou de indefinição (um/uma e plurais – artigos indefinidos)  aos substantivos que antecedem.

No trecho em análise, todos os articuladores destacados funcionam como determinante de substantivos. São, dessa forma, artigos.

RESPOSTA: Letra D.

Questão 09: Classifica-se o texto como, predominantemente

a)  instrucional, pois prescreve o fato, no qual ocorreu a temática.

b)  descritivo, tendo em vista o caráter imagético das ideias expostas.

c)  narrativo, uma vez que enfoca fatos com marcas de temporalidade.

d)  opinativo, porque apresenta fatos e o articulador se apresenta em 1a pessoa.

RESPOSTA: antes de buscarmos a alternativa correta, é preciso que vejamos, resumidamente, como seriam cada um dos textos mencionados pela questão.

Letra a: um texto instrucional (ou injuntivo) traz, como o próprio nome diz, instruções, de modo que possibilite, ao leitor, que realize uma tarefa. São exemplos de textos instrucionais bulas de remédios e manuais de instrução.

Letra b: um texto descritivo tem a intenção de criar uma imagem na cabeça de quem o lê. O tempo, neste caso, não é importante. Aspectos do ser ou do objeto descrito são muito relevantes. Por isso, haverá sempre muitos adjetivos, que podem se referir tanto a aspectos objetivos (cor, tamanho, temperatura) quanto aos subjetivos (algo ser bonito ou não, ser agradável ou não) do que se descreve.

Letra c: no texto narrativo, o tempo adquire papel de destaque, podendo ser cronológico ou psicológico. Em uma explicação superficial, o tempo pode é cronológico quando segue uma ordem linear, sempre em frente; será psicológico quando romper com essa ordem, com, por exemplo, inserções de lembranças de uma personagem no enredo. Na narração há a transmissão de uma história, o que torna os textos narrativos dinâmicos.

Letra d: o texto opinativo é o que serve de veículo para a opinião de seu autor, que pode tentar, ou não, convencer o leitor de algo. O fato de um estar escrito em 1a pessoa do singular deixa claro que ele é opinativo, mas essa não é a única forma de fazê-lo. Há outras marcas de subjetividade que podem tornar um texto opinativo, como o uso excessivo de adjetivos ou de advérbios que tenham “carga adjetiva.

RESPOSTA: Letra C. Um texto pode mesclar várias características e, no geral, o faz. Há, todavia, sempre uma que predomina. No caso em análise, fica claro que o texto é predominantemente narrativo, pois o autor apresenta a história de Ouro Preto, da formação e do nome da cidade. Por mais que haja traços descritivos e opinativos (por causa de adjetivação, como ocorre no parágrafo 4, mas sem o uso de 1a pessoa), o que predomina é a natureza narrativa.

Questão 10: Baseando-se no emprego dos sinais de pontuação, anali- se as informações a seguir:

  1. I.     As aspas no primeiro parágrafo foram utilizadas com o objetivo de acentuar o valor significativo das palavras.
  2. II.   O uso dos travessões no sétimo parágrafo denota explicação e tem a função análoga dos parênteses.

III. As vírgulas no quinto parágrafo foram, respectivamente, utilizadas para enumerar substantivos comuns e 
separar um aposto.

Marque a alternativa CORRETA.

a)  as informações I, II e III estão corretas.

b)  apenas as informações I e II estão corretas.

c)  apenas as informações I e III estão corretas.

d)  apenas a informação III está correta.

RESPOSTA: analisemos cada uma das afirmativas:

I. Uma das funções das aspas é justamente colocar em evidência determinados termos ou expressões. Foi justamente o que aconteceu no 1o parágrafo do texto da prova. Pode-se dizer, então, que as aspas de tal parágrafo foram usadas para “acentuar o valor significativo das palavras”. Lembremo-nos de que as aspas podem ser utilizadas, também, abrindo e fechando citações que se fazem no texto e para marcar gírias, estrangeirismos ou outros termos que devem ser destacados. AFIRMATIVA CORRETA.

II. Tanto travessões quanto parênteses têm, entre outras, a função de isolar termos de caráter explicativo que estejam intercalados no período. Quando usados nessa função, travessões e parênteses podem ser substituídos um pelo outro. Ao entrar no apartamento do chefe, encarou por alguns minutos aquela obra de arte – um belo vaso de porcelana chinesa – que devia valer milhares de dólares; Ao entrar no apartamento do chefe, encarou por alguns minutos aquela obra de arte (um belo vaso de porcelana chinesa) que devia valer milhares de dólares. O duplo travessão é usado, no 7o parágrafo, para isolar o termo “barroco mineiro”, que explica o que se quer dizer com “apogeu da arte colonial em Minas Gerais”.  AFIRMATIVA CORRETA.

III. No quinto parágrafos do texto, há vírgulas separando padres, militares, poetas e servidores, todos substantivos comuns (que não se referem a um ser em particular, mas a toda uma espécie) e que estão em uma enumeração; a última vírgula, todavia, que vem logo após servidores públicos, já não serve para separar um termo de uma enumeração dos demais: sua função é separar o aposto liderados por Tiradentes (que é usado para desenvolver o termos da enumeração) do restante do período. AFIRMATIVA CORRETA.

RESPOSTA: Letra A

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Semana Fumarc (prova da Prefeitura de Ouro Preto/MG – Administrador – 2011)

Olá, pessoal!

Conforme prometido, a segunda semana do blog começa com novidades! A partir de agora, teremos duas alterações semanais fixas: toda 3a e toda 5a serão postadas questões comentadas aqui no Portal. Nos demais dias da semana poderá — ou não — haver posts sobre outras coisas!

A prova escolhida foi a da Prefeitura de Ouro Preto, aplicada pela Fumarc em 2011 (cargo de Administrador). Hoje postarei o texto da prova e as primeiras cinco questões. Na quinta-feira postarei as outras cinco.

Vamos parar de enrolação! Olha aí a prova:

Origem e significado do nome:

1. O nome Ouro Preto foi adotado em 20 de maio de 1823, quando a antiga Vila Rica foi elevada à cidade. “Ouro Preto” vem do ouro escuro, recoberto com uma camada de óxido de ferro, encontrado na cidade. O primeiro nome da cidade foi Vila Rica. Depois, foi Vila Rica de Albuquerque, por causa do Capitão General Antônio de Albuquerque Coelho Carvalho, então governador das capitanias de Minas e São Paulo. Foi D. João V quem mandou retirar o “Albuquerque” do nome e adotou o “Vila Rica de Nossa Senhora do Pilar”, para homenagear a padroeira da cidade.

2. Ouro Preto nasceu sob o nome de Vila Rica, como resultado da épica aventura da colonização do interior brasileiro, que ocorreu no final do século XVII. Em 1698, saindo de Taubaté, São Paulo, a bandeira chefiada por Antônio Dias descortina o Itacolomi do alto da Serra do Ouro Preto, onde implanta a capela de São João. Ali, tem início o povoamento intenso do Vale do Tripui que, trinta anos depois, já possuía perto de 40 mil pessoas em mineração desordenada e sob a louca corrida pelo ouro de aluvião.

3. Em 1711, dá-se o conflito emboaba, luta pela conquista de terras entre paulistas, portugueses e baianos. O Conde de Assumar, D. Pedro de Almeida, luta para implantar em Vila Rica a cobrança do quinto, devido à Coroa e assumir o comando do território, fazendo de Felipe dos Santos sua primeira vítima, em 1720.

4. Vila Rica cresce e exaure-se o ouro, mas cria uma civilização ímpar, com esplendor nas artes, nas letras e na política.

5. A Inconfidência Mineira é o apogeu do pensamento político e faz mártires entre padres, militares, poetas e servidores públicos, liderados por Tiradentes.

6. Com a Independência, recebe o nome de Ouro Preto e torna-se a capital de Minas até 1897. É instituída Patrimônio da Memória Nacional a partir de 1933 e tombada pelo IPHAN em 1938. Em 1980 é considerado Patrimônio cultural da Humanidade, pela UNESCO.

7. O surgimento e apogeu da arte colonial em Minas Gerais – barroco mineiro – é um fenômeno inteiramente ligado à exploração do ouro, acontecido no século XVIII, que veio criar uma cultura dotada de características peculiares e uma singular visão do mundo.

8. À medida que se expandia a atividade mineradora, o barroco explodia na riqueza de suas formas, na pompa e no fausto de suas solenidades religiosas e festas públicas, vindo marcar, de maneira definitiva, a sociedade que se constituiu na região.

9. Ouro Preto – hoje Patrimônio Histórico Mundial – representa inquestionavelmente a síntese da arte colonial mineira, não apenas pela expressão de sua história, mas pelas excepcionalidade do acervo cultural que preservou.

Fonte: Secretaria de Cultura de Ouro Preto (texto adaptado)

 

Questão 01: O propósito comunicativo do texto: “História de Ouro Preto” é sobretudo o de

a)  apresentar a cidade, contemplando nela aspectos geográficos positivos e negativos.

b)  divulgar atributos relacionados às histórias imaginárias de Ouro Preto.

c)  esclarecer sobre o significado e viagens de exploração do ouro nas minas gerais.

d)  informar de uma maneira objetiva os fatos históricos gradativos da cidade.

RESPOSTA: trata-se de uma questão de interpretação de texto pura. Basta ler e compreender o que se leu para acertá-la. Note que o enunciado utiliza o termo “sobretudo”, ou seja, ele não quer saber qual o único propósito comunicativo do texto, mas o que se sobressai. Logo, deve-se analisar o conjunto do texto. Vejamos as alternativas:

Letra A: não se relaciona com o texto, o qual apenas menciona alguns pontos geográficos que sequer correspondem a Outro Preto. ALTERNATIVA INCORRETA.

Letra B: o texto não aborda histórias imaginárias, mas apenas fatos históricos, relacionados à fundação e ao desenvolvimento da cidade de Ouro Preto. ALTERNATIVA INCORRETA.

Letra C: há, de fato, referências à exploração de outro, mas de forma alguma pode-se dizer que o principal propósito do texto é “esclarecer sobre o significado e viagens de exploração do outro nas minas gerais”, pois ele só menciona a atividade mineradora superficialmente.

Letra D: é a única alternativa que está de acordo com o texto. Apesar de alguns adjetivos e de advérbios com carga semântica, por exemplo nos parágrafos 4o ( … civilização ímpar…) e 9o (inquestionavelmente), que dão marca de subjetividade aos trechos em que aparecem, o texto trata, em sua maior parte, de dados e fatos históricos de maneira impessoal. ALTERNATIVA CORRETA.

RESPOSTA: letra D.

Questão 02: Analise os seguintes trechos retirados do texto:

I. Ouro Preto nasceu sob o nome de Vila Rica, como resultado da épica aventura da colonização do interior brasileiro, que ocorreu no final do século XVII.

II. Em 1711, dá-se o conflito emboaba, luta pela conquista de terras entre paulistas, portugueses e baianos.

III. Vila Rica cresce e exaure-se o ouro, mas cria uma civilização ímpar, com esplendor nas artes, nas letras e na política.

IV. Ouro Preto hoje Patrimônio Histórico Mundial representa inquestionavelmente a síntese da arte colonial mineira, não apenas pela expressão de sua história, mas pelas excepcionalidades do acervo cultural que preservou.

As frases em que o vocábulo ou expressão grifada pode ser retirada, sem que haja alteração de sentido no texto, são.

a)  apenas as frases I e II.

b)  apenas as frases II e III.

c)  apenas as frases III e IV.

d)  apenas as frases I e IV.

RESPOSTA: a retirada do termos grifados nos trechos I e II causariam, indubitavelmente, prejuízo ao sentido do que se diz. Não haveria simplesmente mudança de sentido, mas incoerência. Em relação às demais, seguem observações abaixo:

III: a retirada da contração “nas” de antes de “letras”, no item III, não é recomendável, pois causa um problema estrutural que prejudica o paralelismo sintático. Explica-se: o termo “esplendor” rege a preposição “em”; os temos da enumeração, que o complementam, admitem o artigo “a” ou “as”. Por razões de paralelismo sintático, se o artigo aparecer determinando um dos termos da enumeração, deve aparecer diante dos demais. Assim, está correta a forma apresentada pelo texto, repetida no item III, acima, bem como a seguinte: … com esplendor em artes, letras e política. Todavia, apesar do problema estrutura, que causa uma incorreção gramatical, o sentido do que estava escrito não se modificou. Como a pergunta foca exclusivamente no sentido, temos que considerar que a retirada do referido “nas” pode acontecer.

IV: os termos explicativos, que aparecem entre vírgulas, parênteses ou travessão, podem, em geral, ser retirados sem prejuízo para a informação passada pelo texto, sem alterar o seu sentido. É o que ocorre com as orações adjetivas explicativas, por exemplo: podem ser suprimidas sem problemas, constituem um termo acessório. Sendo assim a retirada da expressão isolada por duplo travessão não prejudica o sentido do trecho.

RESPOSTA: Letra C.

Questão 03: Para o desenvolvimento do texto, o articulador faz uso de vários recursos, EXCETO de

a)  dados históricos.

b)  inserção de discurso direto.

c)  fatos relevantes para a formação histórica.

d)  relato de acontecimentos.

RESPOSTA:

Letra A – dados históricos: há diversos. Por exemplo: “O nome Ouro Preto foi adotado em 20 de maio de 1823, quando a antiga Vila Rica foi elevada à cidade”.

Letra B – inserção de discurso direto: o discurso direto existe quando há a reprodução, em um texto, da fala de alguém. Pode haver em textos do tipo narrativo, nos quais indica a fala de uma personagem e, no geral, é introduzido por dois pontos e por travessão (A senhora Joaquina reclamou: — Como está quente aqui!); pode aparecer, também, em textos dissertativos, geralmente para introduzir a citação de uma fala de alguém que seja autoridade no assunto sobre o qual versa o texto. O discurso direto não aparece no texto acima (ATENÇÃO: este post não tem a intenção de esgotar o estudo sobre tipologia textual. As observações feitas acima são superficiais e têm intenção meramente explicativa). ESTA ALTERNATIVA É A RESPOSTA DA QUESTÃO.

Letra C – fatos relevantes para a formação histórica: nada mais são do que fatos históricos que se ligam à formação histórica de Ouro Preto. Exemplo: “Com a Independência, recebe o nome de Ouro Preto e torna-se a capital de Minas até 1897”.

Letra D: relato de acontecimentos: “acontecimentos” também são fatos. Logo, percebe-se que as alternativas A, C e D referem-se, com palavras diferentes, ao mesmo tipo de informação. Por serem alternativas iguais, excluem-se, tornando fácil identificar que a resposta é a alternativa B.

RESPOSTA: letra B.

Questão 04: Baseando-se na estruturação do texto, a CORRETA ordenação dos parágrafos se deu por meio de (da)

a)  tempo e espaço, de maneira a contextualizar os fatos narrados.

b)  contraste e paralelo, o que visa explicitar ideias não reveladas.

c)  exemplificação, para dar suporte um ponto de vista apresentado, anteriormente.

d)  apresentação de razões, uma vez que há vozes credenciadas no contexto.

RESPOSTA: a alternativa que responde à questão é a A, pois o que se apresenta nos parágrafos do texto são datas de fatos (tempo) e locais onde tais fatos ocorreram (espaço). Vejamos porque as demais alternativas devem ser desconsideradas:

Letra B: quando há um contraste, faz-se a comparação de itens semelhantes com a intenção de evidenciar suas diferenças (por exemplo, comparar dois filmes sobre um mesmo fato real, ou duas produções televisivas baseadas em um único livro); um paralelo, por sua vez, envolve o cotejo entre dois elementos com o intuito de investigar-lhes semelhanças ou diferenças. Não é utilizada, no texto, nenhuma das duas estratégias.

Letra C: a exemplificação corresponde a um relato, ou mesmo a uma enumeração de palavras, e é um tipo de argumento. É uma estratégia argumentativa muito usada quando o tema, por ser de elevado grau de abstração, exige que o tornemos mais “concreto” para que possa ser entendido (imagine um texto que fale sobre o “bem” e o “mal”: exemplos de ações “boas” e de ações “más” poderiam servir para facilitar a compreensão do significado dos substantivos do tema). O texto não é estruturado em torno de exemplificações.

Letra D: “vozes credenciadas” são a origem dos argumentos de autoridade. Um argumento de autoridade pode ser algo dito por alguém que se especializou em um determinado assunto (um doutor em Direito Penal pode ser citado em um artigo sobre a redução da maioridade penal, por exemplo) ou resultado de alguma pesquisa estatística cujos dados corroborem o ponto de vista do texto etc. Fala-se que uma nova “voz” ingressa no texto com o uso deste tipo de argumento porque o autor deixa de falar sozinho e usa, em seu trabalho, informações originárias de outras pessoas ou instituições. Não se observa tal estratégia administrativa no texto.

RESPOSTA: letra A.

Questão 05: Em todas as alternativas, o termo sublinhado refere-se a uma palavra ou a uma expressão que o antecede no texto, EXCETO:

a)  “Ouro Preto” vem do ouro escuro, recoberto com uma camada de óxido de ferro, encontrado na cidade.

b)  Foi D. João V quem mandou retirar o “Albuquerque” 
do nome e adotou o “Vila Rica de Nossa Senhora do 
Pilar”, para homenagear a padroeira da cidade.

c)  Em 1980 é considerado Patrimônio cultural da Humanidade, pela UNESCO.

d)  Ouro Preto nasceu sob o nome de Vila Rica, como 
resultado da épica aventura da colonização do interior brasileiro, que ocorreu no final do século XVII.

RESPOSTA:

Letra A: recoberto refere-se a ouro.

Letra B: quem refere-se a D. João V.

Letra C: pela refere-se a Unesco. Logo, esta é a resposta da questão.

Letra D: que refere-se a épica aventura da colonização do interior brasileiro.

RESPOSTA: letra C.

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