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Recursos – prova de Assistente em Administração – UFMG 2012

Olá, pessoas!

Respondendo aos apelos de alguns alunos, vou postar aqui a análise de algumas questões da prova do concurso da UFMG, que aconteceu no último fim de semana. Como estou um pouco corrido, vou postando ao longo do dia. Não é para fazer mistério, não! É correria, mesmo! rs

Seguem o texto e as observações quanto às questões:

Prova de amor

Muitas vezes, coisas óbvias deixam de ser óbvias quando não são mais lembradas. É o que está acontecendo com a questão da Aids.

No início da epidemia do vírus, há 30 anos, as campanhas sobre a prevenção da doença traziam mensagens de medo, fazendo uma ligação entre sexualidade e morte. Elas mais desinformavam que educavam. A partir daí, as campanhas passaram a combater a ideia do medo de forma educativa.

Em 1985, uma novidade: a Aids já não era mais relacionada aos grupos de risco e as campanhas apresentavam a síndrome como doença complexa e sem cura. Não era uma mensagem de terror, mas uma campanha acirrada com informações sobre prevenção e o perigo da doença.

Com a diminuição no número de infectados nos últimos anos, as campanhas se tornaram menos frequentes e adotaram um tom mais brando. Por isso, diferentemente do que ocorria no início da epidemia, a geração que hoje tem menos de 30 anos pode até ter ouvido falar, mas não tem o susto das gerações anteriores. A geração de hoje não viveu a luta contra a Aids.

Dados divulgados nesta semana mostram que houve um aumento no número de homens gays, jovens, com HIV. A campanha lançada pelo governo federal tem como principal alvo esse grupo, que tem 13 vezes mais chances de estar infectado pelo HIV do que jovens em geral. É preciso saber com clareza os motivos pelos quais eles não utilizam preservativo, o que levou ao aumento da presença do vírus.

Provavelmente esse comportamento de risco é facilitado pela utilização do mecanismo de negação, ajudado pela falta de campanhas e pela banalização da doença, que hoje é crônica. Dos jovens entre 15 e 24 anos, 95% sabem que a melhor forma de prevenir o HIV é usando camisinha. Entretanto, no ano passado, só no Estado de São Paulo, a Aids matou quase nove pessoas por dia.

Não podemos correr o perigo de voltar a estigmatizar os homossexuais como grupo de risco. Uma pesquisa feita com paulistanos (“Saúde”, 1o/12) mostrou que 20% da população acredita que homossexuais e prostitutas são os únicos com risco de contrair o vírus HIV. As pessoas acham que não são vulneráveis.

Uma campanha eficaz é aquela que diz que não existe milagre fora da prevenção. Como educadora que fui nessa área, sei que, sem educação sexual nas escolas, a propaganda só é parcialmente efetiva.

A jovem que na época do “TV Mulher”, 30 anos atrás, ficava atordoada com a “prova de amor” exigida enfrenta hoje o mesmo problema. A diferença é que antes a prova era a virgindade, hoje é o sexo sem camisinha.

O combate à Aids tem que ser em todos os campos, de todas as formas, se quisermos realmente acabar com essa doença.

SUPLICY, Marta. Folha de São Paulo, 03 dez. 2012, p. 2.

 

 

2) Gabarito oficial preliminar: letra B

 

QUESTÃO 02

A causa do aumento do número de infectados nos últimos tempos em nosso país advém

A)  da crença de que o vírus da Aids somente atinge a população masculina homossexual.

B)  da ignorância de que o vírus da Aids é evitável quando se usa camisinha.

C)  da incerteza originada em relação aos tratamentos médicos das pessoas infectadas pela Aids.

D)  da percepção da infecção pelo vírus da Aids como uma condição crônica.

Letra B (gabarito preliminar oficial): considerando as informações trazidas pelo texto, não se pode admitir que o gabarito da questão seja a letra B. Tal alternativa afirma que a causa de aumento do número de infectados pelo HIV nos últimos tempos advém “da ignorância de que o vírus da Aids é evitável quando se usa a camisinha”. O próprio texto, todavia, diz o contrário:

“Dos jovens entre 15 e 24 anos, 95% sabem que a melhor forma de prevenir o HIV é usando camisinha.” (§ 6o)

É certo que essa informação restringe-se ao grupo dos jovens entre 15 e 24 anos. Não há, porém, no texto, nenhuma outra passagem que trate da questão de conhecer ou não a possibilidade de prevenir a infecção pelo vírus por meio do uso da camisinha.

Letra A: não se pode afirmar, com base no texto, que exista uma crença de que o HIV somente atinja a população homossexual masculina. O que o texto menciona é que 20% (apenas 1/5 do total) da população paulistana (não há dados de âmbito nacional, e o enunciado questiona sobre o aumento da infecção “em nosso país”) acredita que somente homossexuais (a informação do texto não se restringe aos masculinos) e prostitutas).

Letra C: também não pode servir de resposta à questão. O texto sequer aborda os resultados dos tratamentos.

Letra D (única alternativa viável): conforme se depreende do 6o parágrafo do texto, o comportamento de risco consistente em fazer sexo sem preservativo, que aumenta as taxas de infecção, pode advir da percepção de que a Aids é uma doença crônica. Vejamos:

Provavelmente esse comportamento de risco é facilitado pela utilização do mecanismo de negação, ajudado pela falta de campanhas e pela banalização da doença, que hoje é crônica. Dos jovens entre 15 e 24 anos, 95% sabem que a melhor forma de prevenir o HIV é usando camisinha. Entretanto, no ano passado, só no Estado de São Paulo, a Aids matou quase nove pessoas por dia.

QUESTÃO 03

As seguintes afirmativas podem ser confirmadas por meio da leitura do texto, EXCETO:

A)  A estigmatização dos homossexuais masculinos como grupo de risco na contaminação do vírus da Aids constituiu-se como uma consequência causada pela disseminação de informações incorretas.

B)  Com a divulgação dos primeiros casos de infecção pelo vírus da Aids, as mensagens sobre esse vírus enfatizavam a informação, com a finalidade de superar o medo da contaminação.

C)  As campanhas de prevenção têm se mostrado profícuas ao longo dos anos no tocante à contenção da contaminação pelo vírus da Aids, notadamente na última década.

D)  As mensagens sobre a contaminação com o vírus da Aids, há 30 anos, ao invés de trazerem informações esclarecedoras sobre as formas de prevenção, criavam visão distorcida da realidade.

 

Gabarito oficial preliminar: letra C

Letra A: de certo modo, pode-se dizer que, conforme o texto, homossexuais (não somente masculinos, assim como prostitutas) são considerados, por alguns (20% da população paulistana) como os únicos susceptíveis à infecção pelo HIV. Todavia, o texto não trata diretamente de informações incorretas que teriam sido responsáveis pela estigmatização dos homossexuais masculinos. Essta alternativa pode ser confirmada mais pelo conhecimento “de mundo” do candidato do que pela leitura do texto. Aceitá-la como de acordo com o texto é uma interpretação bem forçada, ainda que ela possa ser correspondente à realidade. Não me parece adequado dizer que o que se afirma nesta alternativa esteja de acordo com o texto.

Letra B: impossível confirmar o conteúdo da alternativa B por meio da leitura do texto. O que Marta Suplicy diz, logo no 2o parágrafo, é justamente o contrário disso: as mensagens eram de medo e geravam desinformação. Vejamos:

No início da epidemia do vírus, há 30 anos, as campanhas sobre a prevenção da doença traziam mensagens de medo, fazendo uma ligação entre sexualidade e morte. Elas mais desinformavam que educavam. A partir daí, as campanhas passaram a combater a ideia do medo de forma educativa.

Letra C: segundo o Houaiss, “profícuo” significa “que dá proveito; de que resulta o que se esperava; frutífero, lucrativo, útil, proficiente”.

De acordo com o 4o parágrafo do texto, os últimos anos viram uma queda no número de infectados. Sendo assim, pode-se considerar que as campanhas fora, sim, profícuas.

O único aumento no número de infecções, conforme o texto, deu-se somente dentro do grupo dos jovens homossexuais masculinos. Logo, apesar de ter havido aumento em um grupo específico, não se pode dizer que, no geral, as contaminações aumentaram. Pelo contrário, o texto corrobora a conclusão contrária, como se vê pelo 4o parágrafo:

Com a diminuição no número de infectados nos últimos anos, as campanhas se tornaram menos frequentes e adotaram um tom mais brando. Por isso, diferentemente do que ocorria no início da epidemia, a geração que hoje tem menos de 30 anos pode até ter ouvido falar, mas não tem o susto das gerações anteriores. A geração de hoje não viveu a luta contra a Aids.

 

Letra D: não encontra suporte no texto. Realmente, as campanhas não traziam informação útil. Em vez disso, criavam medo. Todavia, “criar medo” não é sinônimo de “criar visão distorcida da realidade”.  Distorcer é alterar, e optar por amedrontar a população no lugar de informá-la não significa uma alteração, mas sim a opção por uma dentre possíveis abordagens.

Na minha opinião, então, a alternativa que a banca examinadora considera a única que não encontra apoio no texto é, justamente, o contrário: aquela que pode ser confirmada pelo texto.

 

QUESTÃO 13

A UFMG necessita enviar uma correspondência ao Governador do Estado do Piauí, No endereçamento, qual seria o pronome de tratamento adequado para esta autoridade?

A)  Ilustríssimo Senhor.

B)  Vossa Excelência.

C)  Excelentíssimo Senhor.

D)  Vossa Senhoria.

Gabarito preliminar oficial: letra C

Conforme o Manual de Redação da Presidência da República:

  • O pronome de tratamento adequado para se dirigir a Governador de Estado é Vossa Excelência;
  • Sendo assim, o pronome de tratamento adequado para se falar a alguém de um Governador de Estado é Sua Excelência;
  • Excelentíssimo Senhor é vocativo adequado para se dirigir aos Chefes de Poder (Presidente da República, Presidente do Congresso Nacional e Presidente do Senado, Presidentes de Tribunais Superiores…);
  • O vocativo reservado às demais autoridades é Senhor. Inclusive, o próprio Manual de Redação da Presidência da República dá, como exemplo de aplicação, “Senhor Governador”;
  • Ainda segundo o referido Manual, no envelope, o endereçamento das comunicações dirigidas às autoridades tratadas por Vossa Excelência (entre as quais está o Governador de Estado), será feito assim: A Sua Excelência o Senhor.

A conclusão a que chegamos é a seguinte: a questão 13 não tem resposta.

Se precisarem de mais análises, mandem as perguntas nos comentários. Se houver tempo, responderei.

Boa sorte a todos!

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“Corrão” para as montanhas!

Olá, pessoal!

Finalmente faço o segundo post da série “flagras”.

Hoje estava dando uma volta pela Av. do Contorno, na altura do bairro Santa Efigênia, aqui em Belo Horizonte, quando vi a placa (melhor dizendo, um cartazinho) que inspirou o título, digamos, estilizado ali de cima. Deem uma olhadinha no anúncio:

 

 

Além do mulheres não “pagão”, o que era para ser em frente virou “enfrente”.

Que confusão!

 

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Colocação pronominal em tempos simples

Olá, pessoas!

O tema de hoje é colocação pronominal nos tempos simples (aqueles que apresentam somente um verbo). Vamos lá?

Em primeiro lugar, é importante saber que, quando falamos de colocação pronominal, analisamos a posição dos pronomes oblíquos átonos em relação ao verbo. Trata-se, então, de saber se

O, a, os, as, no, nas, nos, nas, lo, la, los, las

Me, te, se, nos, vos

Lhe, lhes

Virão ANTES do verbo, em PRÓCLISE;

Virão INTERCALADOS ao verbo, em MESÓCLISE;

Virão DEPOIS do verbo, em ÊNCLISE.

Para começar, lembre-se sempre de que:

1. É PROIBIDO colocar pronome oblíquo átono em início de período.

Me cansei de esperar que a internet funcionasse.

Cansei-me de esperar que a internet funcionasse.

2. É PROIBIDO colocar pronome oblíquo átono depois de verbos nos futuros do presente e do pretérito, ambos do indicativo.

Ajudaria-me, se pudesse.

Ajudar-me-ia, se pudesse.

 

Eu mandarei-te as respostas.

Eu te mandarei as respostas.

 

3. É PROIBIDO colocar pronome oblíquo átono depois de verbos no particípio.

Tinha enviado-nos flores.

Tinha nos enviado flores.

 

Vejamos, agora, os casos obrigatórios de próclise, mesóclise e ênclise:

CASOS OBRIGATÓRIOS de PRÓCLISE

1. Com palavras atrativas antes dos verbos.

São palavras atrativas:

a) Aquelas de sentido negativo (não, nunca, ninguém, jamais etc.)

–> Não me lembrei de fazer o trabalho da faculdade.

b) Advérbios curtos que não se separam do verbo por vírgula (tais como hoje, ontem, já, agora etc.)

–>Sempre te queixas sem razão.

c) Pronomes relativos (quem, quem, o qual, a qual…)

–> As mulheres que se preparam disputam vagas de trabalho com os homens.

d) Pronomes indefinidos substantivos (algum, nenhum, cada, alguém, ninguém etc.)

–> Alguém o levou ao hospital, mas não estou certo de quem foi.

e) Pronomes demonstrativos substantivos (este, esse, isto, aquele etc.)

–> Aqueles vos mandaram lembranças.

f) Conjunções subordinativas…

… integrantes (que e se).

–> É importante que se tomem medidas contra a inflação.

… adverbiais (se, caso, quando…)

–> Caso se dediquem aos estudos, obterão sucesso.

2. Na estrutura preposição EM + pronome + gerúndio

“… em se plantando, tudo dá…” ( Pero Vaz de Caminha).

3. Com infinitivo pessoal preposicionado

Ao te aproximares, grita que virei ao teu encontro.

4. Em orações interrogativas que comecem com pronomes ou advérbios interrogativos

Onde te estabeleceste?

Quem me procurou ontem?

5. Em orações optativas (que exprimem desejo)

Nossa Senhora o acompanhe!

Bons ventos o levem!

 

6. Em orações exclamativas

Macacos me mordam!

CASOS OBRIGATÓRIOS de MESÓCLISE

A mesóclise ocorre somente com verbos nos futuros do indicativo (do presente e do pretérito) e somente será obrigatória quando verbos flexionados em tais tempos vierem no início da frase, pois nesse caso a próclise será proibida.

Dúvidas quanto a tempos e modos verbais? Clique AQUI e veja o post sobre o assunto.

Veja a frase com um verbo no futuro do presente do indicativo:

Te darei um presente. (Próclise proibida, pois não se pode começar frase com pronome oblíquo átono).

Darei-te um presente. (Ênclise proibida, pois não se pode colocar pronome oblíquo átono depois de futuros do indicativo).

Dar-te-ei um presente. (Frase correta e única opção para este caso).

Agora com um verbo no futuro do pretérito:

Dar-te-ia um presente, se hoje fosse teu aniversário. (Assim como no caso acima, trata-se da única opção viável).

Se houvesse alguma palavra, deste que não atrativa, antes do verbo, poderíamos escolher entre próclise e mesóclise. Todavia, em situações assim devemos dar preferência à próclise, pois a mesóclise é uma construção já arcaica e que confere um ar de “rebuscamento” desnecessário ao texto.

Eu te daria um presente… (preferível).

Eu dar-te-ia um presente…

 

CASOS OBRIGATÓRIOS de ÊNCLISE

1. Quando o verbo inicia a frase, desde que ele não esteja flexionado em algum dos futuros do indicativo (do presente e do pretérito) e nem no particípio

Faz-me mal ouvir esse tipo de coisa.

Enviei-lhe o novo catálogo de produtos.

2. Com gerúndio não precedido de preposição

Sabe aqueles vários vestidos? Depois do término do namoro, ela se animou comprando-os.

 

3. Com verbos no imperativo afirmativo

Por favor, mande-me aquele documento.

4. após advérbio seguido de vírgula

Hoje, faz-se muita coisa prejudicial ao meio-ambiente.

ATENÇÃO: o uso de verbos no infinitivo impessoal (aquele não flexionado, que se apresente em sua forma natural, como andar, correr, sentir) faz com que tanto a próclise quanto a ênclise sejam possíveis, ainda que haja palavra negativa antes do verbo. Vejamos:

É melhor não o desapontar.

É melhor não desapontá-lo.

Fiquemos por aqui, com uma última observação: quando usamos os pronomes pessoais oblíquos O, A, OS, AS…

… em ênclise com verbos terminados em R, S ou Z: deve-se eliminar o R, S ou Z do fim do verbo e acrescentar um L ao pronome enclítico:

Fazer + a = fazê-lo

Fiz + o = fi-lo

 

… em ênclise com verbos terminados em som nasal: deve-se acrescentar a letra N ao pronome enclítico:

Compraram + os = compraram-nos.

Põe + as = põe-na.

 

Abraços, pessoas! E até a próxima!

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Sugestão de Programa de TV

Olá, alunos e visitantes queridos!

Hoje venho trazer a vocês uma sugestão: o pessoal da Foka Vídeos, produtora de Belo Horizonte, tem trabalhado em uma série de pequenos programas de TV chamada “Essa nossa língua”. Nela são abordados temas relacionados à formação da Língua Portuguesa e às variações que ela apresenta nos lugares onde é falada.

O programa, que é super caprichado e interessante, pode ser visto no canal BH News e no Youtube.

Posto para vocês, logo abaixo, o link para o episódio do qual eu participei, como convidado. Aproveitem e conheçam, também, o site da produtora Foka Vídeos!

Assista ao vídeo no Youtube (episódio 2 do programa):

Link para o site da Foka Vídeos: http://www.fokavideos.com.br/

Abraços!

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Conjugação Verbal – verbos regulares

Saudações, alunos!

Hoje é dia de tratarmos de um tema muito importante: conjugação verbal!

Esse é um tema que mete medo nos alunos, mas peço a vocês calma, pois não é tão difícil quanto parece!

Vamos começar com uma informação básica, porém importante: a definição do que são verbos de 1a, 2ª e 3a conjugações.

1a conjugação: verbos terminados em AR (cantar, falar, rezar)

2a conjugação: verbos terminados em ER e em OR (bater, crer, pôr, repor)

3a conjugação: verbos terminados em IR (partir, cumprir, sorrir)

Outro lembrete: os verbos podem ser regulares, irregulares ou anômalos. Não vamos nos demorar nessas definições, mas vale explicar que…

…verbos regulares são aqueles que não sofrem, na conjugação, alterações no radical (amar: eu amo, tu amas, ele ama, nós amamos, vós amais, eles amam, por exemplo).

… verbos irregulares são aqueles que apresentam alteração do radical, na conjugação (medir: eu meço, tu medes, ele mede, nós medimos, vós medis, eles medem)

… verbos anômalos são os que possuem mais de um radical e, por isso, ficam bem variados na hora da conjugação (ser: no presente do indicativo, para primeira pessoa do singular, temos eu sou; no pretérito perfeito do indicativo, eu fui; para o futuro do presente, eu serei…)

No post de hoje, trabalharemos somente com verbos regulares. Depois que aprendermos a conjugá-los, poderemos passar aos irregulares e aos anômalos, que são mais complexos.

Tempos primitivos e tempos derivados

 

Partamos do seguinte pressuposto: alguns tempos verbais originam-se de outros. Estes são chamados de tempos primitivos, enquanto aqueles recebem o nome de tempos derivados.

O presente do indicativo é um tempo primitivo. Dele derivam, diretamente, o presente do subjuntivo e as segundas pessoas (tu e vós) do imperativo afirmativo. Indiretamente, o presente do subjuntivo será utilizado para que se criem as demais pessoas do imperativo afirmativo e todo o imperativo negativo.

 

O pretérito perfeito do indicativo dará origem ao pretérito mais-que-perfeito do indicativo, ao pretérito imperfeito do subjuntivo e ao futuro do subjuntivo.

O infinitivo, por sua vez, é usado como base para que se obtenham o futuro do presente do indicativo, o futuro do pretérito do indicativo e o pretérito imperfeito do indicativo.

 

Veja a tabela:

Tempos primitivos Tempos derivados
Presente do indicativo Presente do subjuntivo Imperativo negativo (todo)
Imperativo afirmativo (exceto 2as pessoas)
2as pessoas do imperativo afirmativo
Pretérito perfeito do indicativo Pretérito MQP do indicativo
Pretérito imperfeito do subjuntivo
Futuro do subjuntivo
Infinitivo impessoal Fut. do pres. do indicativo
Fut. do  prét. do indicativo
Prét. imperfeito do indicativo

Usaremos os verbos cantar, bater e partir, três verbos regulares, um de cada conjugação.

1) Tempos derivados do presente do indicativo

 

Antes de mais nada, vejamos os verbos acima conjugados no presente do indicativo.

Pres. indicativo

Eu

Canto

Bato

Parto

Tu

Cantas

Bates

Partes

Ele

Canta

Bate

Parte

Nós

Cantamos

Batemos

Partimos

Vós

Cantais

Bateis

Partis

Eles

Cantam

Batem

Partem

Como obter o presente do subjuntivo a partir do presente do indicativo:

 

Passo 01: selecione a primeira pessoa do singular do presente do indicativo dos verbos e subtraia a letra “o” do final:

CANTO                                                BATO                                                  PARTO

Assim, obteremos as bases dos verbos: cant-, bat- e part-.

Passo 02: se o verbo for de 1a conjugação, acrescente a letra “e” à base. Se o verbo for de 2a ou 3a conjugação, acrescente a letra “a” à base. Essas letras acrescentadas funcionarão como desinência modo-temporal dos verbos, ou seja, serão os morfemas que indicarão em qual te em qual empo e modo eles estão conjugados. Depois da desinência modo-temporal, acrescente a desinência número-pessoal quando for o caso.

Como sabemos, o verbo conjugado em algum dos tempos do modo subjuntivo será precedido de conjunção. Usaremos, aqui, a conjunção “que”.

Cantar Bater Partir
Que eu Cante Bata Parta
Que tu Cantes Batas Partas
Que ele Cante Bata Parta
Que nós Cantemos Batamos Partamos
Que vós Canteis Batais Partais
Que eles Cantem Batam Partam

Em negrito: desinência modo-temporal; em itálico: desinência número-pessoal

Fácil, não é?

A partir do presente do subjuntivo obtém-se o imperativo negativo. Basta colocar o “não” antes do verbo. Utilizemos o verbo “cantar” como exemplo, lembrando que não há primeira pessoa do singular (eu) quando conjugamos um verbo no imperativo.

Imperativo negativo do verbo CANTAR:

 

Não cantes tu     (2a singular)

Não cante você  (3a singular)*

Não cantemos nós  (1a plural)

Não canteis vós (2a plural)

Não cantem vocês (3a plural)*

* Atenção: as formas imperativas das terceiras pessoas do singular e do plural são utilizadas para se referir às segundas pessoas (com quem se fala). Os verbos ficam na 3a pessoa para concordar com o pronome pessoal de tratamento que, usualmente, é utilizado nesses casos (você e vocês).

Como obter o imperativo afirmativo:

Diferentemente do imperativo negativo, o afirmativo não deriva completamente do presente do subjuntivo. Para conseguir o imperativo afirmativo, deve-se fazer o seguinte:

  • ignore a 1a pessoa do singular (eu);
  • a 2a pessoa do singular e a do plural (tu e vós) vêm diretamente do presente do indicativo, retirando-se, das formas verbais a elas correspondentes, a letra S final;
  • as demais pessoas do imperativo afirmativo vêm do presente do subjuntivo, sem modificação.

QUADRO!

Presente do indicativo

Imperativo afirmativo

Presente do subjuntivo

Eu canto —————————-

Que eu cante

Tu cantas –>

Canta tu

Que tu cantes

Ele canta

Cante você

<–  Que ele cante

Nós cantamos

Cantemos nós

<–  Que nós cantemos

Vós cantais –>

Cantai vós

Que vós canteis

Eles cantam

Cantem vocês

<–  Que eles cantem

 

2) Tempos derivados do pretérito perfeito do indicativo

Vencida a primeira etapa, passemos agora para os tempos que derivam do pretérito perfeito do indicativo, tempo no qual nossos três verbos estão conjugados abaixo:

 

 

Pret. Perf. do indicativo

Eu

Cantei

Bati

Parti

Tu

Cantaste

Bateste

Partiste

Ele

Cantou

Bateu

Partiu

Nós

Cantamos

Batemos

Partimos

Vós

Cantastes

Batestes

Partistes

Eles

Cantaram

Bateram

Partiram

 

Utilizaremos, nesta etapa, a 3a pessoa do plural dos verbos conjugados no pretérito perfeito do indicativo. Subtraia dela a terminação RAM:

CANTARAM                                        BATERAM                               PARTIRAM

 

Assim, temos as bases canta-, bate- e parti-.

Como obter o pretérito mais-que-perfeito do indicativo:

 

Utilize a base do verbo e acrescente, logo após, a desinência modo-temporal RA (para as pessoas em geral) e RE (para a 2a pessoa do plural – vós). Depois da desinência modo-temporal, acrescente a número-pessoal, quando necessário:

Eu Cantara Batera Partira
Tu Cantaras Bateras Partiras
Ele Cantara Batera Partira
Nós Cantáramos Batêramos Partíramos
Vós Cantáreis Batêreis Partíreis
Eles Cantaram Bateram Partiram

Em negrito: desinências modo-temporais; em itálico: desinências número-pessoais.

Como obter o imperfeito do subjuntivo:

Basta usar a base + SSE (desinência modo-temporal) + desinência número-pessoal (quando necessário). Abaixo, um exemplo com o verbo BATER (lembre-se: como o verbo está conjugado num tempo do subjuntivo, há uma conjunção antes dele!):

Se eu

Batesse

Se tu

Batesses

Se ele

Batesse

Se nós

Batêssemos

Se vós

Batêsseis

Se eles

Batessem

Em negrito: desinências modo-temporais; em itálico: desinências número-pessoais.

Como obter o futuro do subjuntivo:

 

Bastar usar a base + R (desinência modo-temporal) + desinência número pessoal (quando necessário). Vejamos o exemplo como verbo PARTIR:

Quando eu

Partir

Quando tu

Partires

Quando ele

Partir

Quando nós

Partirmos

Quando vós

Partirdes

Quando eles

Partirem

Em negrito: desinências modo-temporais; em itálico: desinências número-pessoais.

 

ATENÇÃO!

 

A frase “o que acontecerá se o governo não propor um acordo?” está correta?

E “se eu ver seu irmão, darei seu recado?”

Resposta: as duas frases apresentam incorreção. As formas verbais propor e ver, da maneira como foram usadas acima, estão no futuro do subjuntivo (note a conjunção “se” antes delas). Sendo assim, deverão ser obtidas a partir da base correta, que é a 3a pessoa do plural do verbo conjugado no pretérito perfeito do indicativo. PROPOR: propuseram – RAM = propuse; VER: viram – RAM = vi. Então vejamos:

Futuro do subjuntivo

Propor Ver
Se eu Propuser Vir
Se tu Propuseres Vires
Se ele Propuser Virem
Se nós Propusermos Virmos
Se vós Propuserdes Virdes
Se eles Propuserem Virem

Então, pessoas, cuidado na hora de usar os verbos pôr e ver (e o vir também), bem como seus derivados, no futuro do subjuntivo!

3) Tempos derivados do infinitivo

 

Nesse caso, usam-se a formas do infinitivo impessoal (os nossos exemplos: CANTAR, BATER, PARTIR) – R ou – (vogal + R). Assim, encontra-se a base.

Como obter o pretérito imperfeito do indicativo

 

Verbos de 1a conjugação: base + VA (para as pessoas em geral) e VE (para vós)

Verbos de 2a ou 3a conjugações: base + IA (geral) e IE (vós) ou NHA (geral) e NHE (vós)

Acrescenta-se, após, a desinência número-pessoal, quando houver.

Exemplos (em vez do verbo “bater”,  colocamos o verbo “ter”. Assim exemplificamos todas as possibilidades de desinência modo-temporal:

Eu

Cantava

Partia

Tinha

Tu

Cantavas

Partias

Tinhas

Ele

Cantava

Partia

Tinha

Nós

Cantávamos

Partíamos

nhamos

Vós

Cantáveis

Partíeis

nheis

Eles

Cantavam

Partiam

Tinham

BASE usada

Inf – R

CANTA

Inf – (vogal + R)

PART

Verbo irregular – modificação do radical

Em negrito: desinências modo-temporais; em itálico: desinências número-pessoais.

 

Como obter o futuro do presente

 

BASE + REI RÁS REMOS REIS RÃO
  Eu Tu Ele Nós Vós Eles

 

Fut. Pres. Indicativo

Eu

Cantarei

Baterei

Partirei

Tu

Cantas

Bates

Partis

Ele

Canta

Bate

Parti

Nós

Cantaremos

Bateremos

Partiremos

Vós

Cantareis

Batereis

Partireis

Eles

Cantao

Bateo

Partio

Em negrito: desinências modo-temporais; em itálico: desinências número-pessoais.

Como obter o futuro do pretérito

 

BASE + RIA RIAS RIA RÍAMOS RÍEIS RIAM
  Eu Tu Ele Nós Vós Eles

 

Fut. Pres. Indicativo

Eu

Cantaria

Bateria

Partiria

Tu

Cantarias

Baterias

Partirias

Ele

Cantaria

Bateria

Partiria

Nós

Cantaríamos

Bateríamos

Partiríamos

Vós

Cantaríeis

Bateríeis

Partiríeis

Eles

Cantariam

Bateriam

Partiriam

Em negrito: desinências modo-temporais; em itálico: desinências número-pessoais.

 

Tempos compostos

 

Pessoas,

Além dos tempos simples, temos que nos lembrar dos tempos compostos.

A formação dos tempos compostos se dá com a combinação de um verbo auxiliar (ter ou haver) conjugado com o particípio do verbo auxiliar.

Podemos tomar como exemplo:

Ele tinha feito um bom trabalho.

Se você tivesse comprado aquele carro…

Se ele pudesse, haveria comprado um presente melhor.

Abaixo, uma tabela com os tempos compostos:

 

Do indicativo

Do subjuntivo

Pretérito perfeito

Pres. do ind. + particípio

Tenho batido

Pres. do subj. + partícipio

Tenha batido

Pretérito MQP

Pret. Imperf. do ind. + Particípio

Tinha batido

Imperfeito do subj. + particípio

Tivesse batido

Futuro do presente

Fut. do pres. do ind. + particípio

Terei batido

Fut. do subjuntivo + particípio

Tiver batido

Futuro do pretérito

Fut. do pretérito do ind. + particípio

Teria batido

Espero que as explicações deste post tenham sido úteis!

Nós estudamos, aqui, basicamente só os verbos regulares. O melhor é começar assim e, depois de já compreendida a parte inicial, encarar as peculiaridades dos verbos irregulares e anômalos.

Fonte: para elaborar este post, foram-me muito úteis os conhecimentos adquiridos nas aulas da professora Flávia Rita, durantes as leituras da Novíssima Gramática da Língua Portuguesa, de Domingos Paschoal Cegalla (da Companhia Editora Nacional), e por meio de muitos estudos usando diversos materiais e provas passadas de concurso!

Abraços para todos vocês!

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Post para os cefetinhos – exercícios de pronome

Oi, galera!

Este post é especial para os meus alunos do preparatório para Coltec/Cefet! Basta clicar abaixo para baixar uma lista de 100 exercícios sobre o uso de pronomes e seus respectivos gabaritos!

Lista de exercícios: pronomes_exercicios

Lista de gabaritos: pronomes_gabarito

Bora estudar, galera!

A lista de exercícios abaixo circula na internet em vários sites! A versão que postei peguei no site da professora Flávia Rita, que tem diversas listas gratuitas de exercícios! Vale a pena conferir! É só clicar aqui!

 

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Retificação no edital do MPE

Olá, pessoal!

Depois de um tempo sumido por causa de muito aperto na agenda, eu voltei para avisá-los sobre a retificação do edital do concurso do MPE/MG!

A prova, que a princípio seria no dia 22 de julho de 2012, será realizada no dia 15 de julho de 2012!

Não coma mosca!

Aproveitando o ensejo, logo postarei dicas para a prova de português da Fundep!

Link para a retificação: http://www.gestaodeconcursos.com.br/site/cache/f564376b-a71b-45f2-9033-9fe232ee4c80/Retificação%2002%20-%2002.05.2012.pdf

Abraços!

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