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Crase

Olá, pessoal! Tudo bem?

Hoje trago a vocês um post gigante e completo sobre o uso da crase!

Divirtam-se!

 

CRASE

 

O uso do sinal indicativo de ocorrência da crase parece ser mais complicado do que é. O importante, para evitar confusões, é tentar entender porque aquele “acento agudo ao contrário”, cujo nome é acento grave, aparece sobre a vogal A.

 

Fundamentos

 

A crase é um fenômeno sintático que acarreta a fusão de duas vogais iguais que aparecem em sequência. Na Língua Portuguesa, tal fenômeno ocorre somente com a vogal A e é marcado pelo acento grave.

Haverá crase sempre que a preposição A fundir-se com o artigo A, o pronome demonstrativo A e o A inicial dos pronomes demonstrativos aquele, aquela e aquilo. Esquematizando, temos:

 

A – preposição

+ A artigo

Enviou o presente à amiga.

+ A pronome demonstrativo

Referiu-se à que chegou (= àquela que chegou).

+ A inicial de pronome demonstrativo

Não fez alusão àquilo.

 

O ponto de partida para descobrir se deve ou não haver o sinal indicativo de crase em uma frase é verificar se um termo exige a preposição A e se outro admite a letra A artigo ou, ainda, se foi utilizado o A pronome demonstrativo (= aquela) ou algum pronome demonstrativo iniciado com a letra A. Seguem alguns exemplos:

 

Dizia tudo à amiga.

O verbo dizer, tal qual usado neste caso, é VTDI – tem um OD e um OI. Seu OI é introduzido pela preposição A, pois “quem diz, diz algo a alguém”. O termo que exerce a função de OD na frase é o substantivo feminino amiga. Como substantivo feminino que é, admite ser determinado pelo artigo definido A. Sendo assim, temos: Dizia tudo a (preposição) + a (artigo) amiga –> Dizia tudo à amiga.

 

Dizia tudo àquela amiga.

Esta situação é parecida com a anterior, mas agora a fusão acontece entre a preposição A, exigida pelo verbo, e o A inicial do pronome aquela. Dizia tudo a + aquela amiga –> Dizia tudo àquela amiga.

 

Dizia tudo à de verde.

Neste caso, temos a mesma preposição A que, agora, funde-se com o pronome demonstrativo A (a frase equivale a “dizia tudo àquela de verde”). Dizia tudo a (preposição) + a (pron. demonstrativo) de verde –> dizia tudo à de verde.

 

Concluímos que, excetuando-se as situações em que o acento grave é justificado pela tradição linguística (que serão oportunamente estudados), o sinal indicativo de crase acontecerá por causa da fusão da preposição A com  a letra A de outra natureza.

 

Casos proibidos

Vejamos as regras que proíbem o uso do sinal indicativo de crase:

 

A. Antes de palavras masculinas no geral.

Atenção para o destaque dado à expressão “no geral”.  Não ocorrerá crase antes de palavras masculinas porque estas não podem ser determinadas nem pelo artigo feminino A, nem pelo pronome demonstrativo A. Sendo assim, não teremos sinal grave em frases do tipo:

 

A presidente falou a respeito do novo Código Florestal.

Todos compareceram ao evento, como havia sido combinado.

 

Tenhamos cuidado em duas situações:

1. Quando a preposição A fundir-se com o A inicial de AQUELE, haverá crase (e ela estará na própria palavra masculina, o pronome demonstrativo).

Enviou os documentos àquele departamento.

2. Quando a expressão “moda de” estiver subentendida entre a letra A e um nome masculino, será preciso usar o acento grave, obrigatoriamente.

 

Aquele jovem intelectual escreve à Machado de Assis. (= à moda de Machado de Assis)

B. Antes de palavras, ainda que femininas, usadas em sentido genérico.

Trata-se, aqui, de uma questão de sentido da frase. Imaginemos, por exemplo, um evento voltado para crianças, ao qual elas sejam levadas pelos pais. Durante este evento, uma organizadora decide conversar com o público infantil do local, falando coisas que só interessam a ele. Poderíamos dizer:

 

A organizadora dirigiu-se a criança, não a adulto.

 

            Nessa frase, o termo criança (assim como adulto) foi tomado em sentido genérico. O que se quer dizer é que a organizadora falou ao público infantil, falou coisas do interesse de crianças, e não que ela conversou com uma criança específica. Como o substantivo criança foi usado no sentido genérico, ele não pode ser determinado pelo artigo feminino A e, consequentemente, não haverá nada com que a preposição A possa se fundir antes dele.

Diferente seria o caso de uma funcionária do evento aproximar-se de um menino e de seu pai e, falando ao menino, perguntasse se ele queria um brinquedo. Deveríamos escrever:

 

A funcionária dirigiu-se à criança, não ao adulto.

 

            Como se trata de uma criança específica, o substantivo a ela referente deverá ser precedido do artigo definido A, o qual se fundirá com a preposição A, exigida pelo verbo dirigir-se. Note-se que o mesmo acontece com o termo adulto, que, por ser masculino, é determinado pelo artigo masculino O, que se une à preposição que o antecede, formando AO.

 

C. Antes de verbos

Verbos são palavras que não possuem gênero e, se efetivamente usados como verbos, não serão determinados por artigos ou pronomes demonstrativos. O que pode acontecer é a substantivação de um verbo, processo que o converterá em um substantivo. Quando isso ocorre, todavia, ele forma um substantivo masculino (exemplo do verbo andar utilizado como substantivo: o seu andar é muito elegante).

Preços a partir de R$ 100,00.

            Ela possui muitas qualidades, a saber: honestidade, competência e humildade.

 

D. Depois de preposição

EXCEÇÃO: preposição até (cf. “casos facultativos”).

A regra é que, no uso da Língua Portuguesa, não se usem duas preposições seguidas. Há, porém, algumas exceções, como é o caso de até, que pode ser seguida da preposição a, e das combinações por entre, de entre e para com.

 

Deverei comparecer perante a juíza. (esse A é somente o artigo, pois já temos a preposição perante, que não admite que se use a preposição A em sua sequência.)

 

E. Antes de artigos indefinidos

Os artigos indefinidos são um, uma, uns, umas. Se pensarmos bem, não faz mesmo sentido colocar o acento grave quando, depois dele, vier um artigo indefinido. Afinal de contas, é contraditório usar o artigo indefinido e o indefinido ao mesmo tempo. Para clarear, um exemplo:

A frase “enviou o recado à uma amiga” pode até parecer correta à primeira vista, mas desmembremo-la: enviou o recado a (preposição) + a (artigo definido) + uma (artigo indefinido) amiga. Não é possível determinarmos o mesmo substantivo, ao mesmo tempo, com um artigo definido e um indefinido, porque isso seria completamente incoerente.

Algumas frases corretamente construídas:

 

Referia-se a uma medida governamental qualquer.

            Contou a uma tia o que se passava com a mãe.

 

F. Antes de pronomes…

F.1. demonstrativos que não comecem com a letra A

Trata-se dos pronomes esse, essa, este, esta (e seus plurais) e isto.

 

Peça desculpas a essa moça, meu filho.

            Não sei se recorro àquele médico para uma segunda opinião ou se envio o resultado dos exames a este mesmo.

            Tenho certeza de que ele não se referia a isto quando nos fez aquela proposta.

 

F.2. Antes de pronomes indefinidos

São exemplos de pronomes indefinidos: qualquer, todo, toda, cada…

 

Ele tem bom coração. Certamente perdoará a qualquer devedor que tiver uma boa justificativa.

            Mande os meus convites a todas as minhas amigas!

 

F.3. Antes de pronomes pessoais

            Exemplos de pronomes pessoais: eu, tu, ele, nós, vós, eles, o, os, me, te, se, mim…

 

Indicou o corretor a ela.

            Envie sua mensagem a mim tão logo chegue em casa.

 

F.4. Antes de pronomes de tratamento

            Exemplo de pronomes de tratamento: você, Vossa Excelência, Sua Senhoria, Vossa Alteza…

 

            Não cabe a você tomar todas as decisões.

            Endereçarei esta carta a Sua Senhoria assim que terminar de escrevê-la.

 

ATENÇÃO: os pronomes de tratamento senhora e senhorita não entram nesta regra. Antes deles, ocorrerá crase caso seja exigido o uso da preposição A.

           

            Não cabe à senhora tomar todas as decisões.

            Endereçarei esta carta à senhorita assim que terminar de escrevê-la.

 

ATENÇÃO 2: o pronome de tratamento dona (feminino de dom) não pode ser precedido de artigo. Sendo assim, antes dele não ocorrerá crase. Se a palavra dona for usada no sentido de posse, poderá ser precedida de A craseado.

            Aplicaram uma multa a dona Maria porque o cachorro dela fez coco na calçada. (dona – pronome de tratamento.)

Aplicaram uma multa à dona do cachorro porque ele fez coco na calçada. (dona – posse.)

           

G. Antes de numerais cardinais, salvo se indicarem horas.

 

            O retorno fica a 200 metros.

            Minha casa fica a quinze minutos de caminhada daqui.

 

H. Em locução formada por palavras repetidas.

São exemplos deste tipo de locução: frente a frente, cara a cara, boca a boca, lado a lado, face a face, dia a dia…

 

O salva-vidas fez respiração boca a boca no rapaz que havia se afogado.

            Ficaram cara a cara, mas não disseram nada.

           

Casos facultativos

Diante de um caso facultativo, quem escreve pode optar por usar ou não o sinal indicativo de crase. Vamos entender porque isso acontece enquanto analisamos tais casos:

 

A. Antes de pronomes possessivos femininos, quando tanto o A quanto o pronome estiverem no singular.

            Antes de pronome possessivo, seja ele qual for, o uso do artigo é facultativo. Sendo assim, estão corretas todas as frases abaixo:

 

Aquela é minha mãe./Aquela é a minha mãe.

            Ele bateu em meu carro./Ele bateu no meu carro. (no = em + o)

O meu cachorro fugiu./Meu cachorro fugiu.

 

O fato de o artigo ser facultativo antes de pronomes demonstrativos somente afetará o uso da crase antes de pronomes possessivos femininos singulares, pois é somente antes deles que se pode escolher entre usar ou não o artigo A (antes dos demais escolhemos o, os, as). Logo, teríamos:

 

Referiu-se a meu irmão. (sem artigo)/Referiu-se ao meu irmão. (com artigo)

            Referiu-se a minha irmã. (sem artigo)/Referiu-se à minha irmã. (com artigo)

Todas as opções acima estão corretas. Comparando umas às outras, vemos que a preposição sempre está lá. O que pode ou não ser usado é o artigo.

 

Fique esperto!

  • Se houver palavra subentendida depois do pronome possessivo feminino singular, a crase será obrigatória.
    • Sua opinião é igual à minha (opinião). Crase obrigatória.
    • Ele não poupou críticas à/a minha opinião. Crase facultativa, pois não há palavra subentendida.
    • Se o A estiver no singular e o pronome possessivo feminino estiver no plural, a crase será proibida.
      • Não poupou críticas a minhas opiniões. Crase proibida, pois sabemos que, se o artigo estivesse ali, ele concordaria em número com o pronome a que se refere, de modo que teríamos às minhas, e não a minhas.
      • Se, em um caso semelhante ao de cima, o AS estiver também no plural, a crase será obrigatória.
        • Não poupou críticas às minhas opiniões. Crase obrigatória, pois como o AS encontra-se no plural, temos certeza de que trata-se da fusão da preposição A com o artigo AS, pois preposições são invariáveis (e, assim, não passam para o plural).

 

B. Depois da preposição ATÉ.

Antes dos pronomes possessivos, o artigo é facultativo. Após a preposição até, a preposição A é facultativa. Sendo assim, a crase também o será. Vejamos:

 

Fui até o clube.

            Fui até ao clube.

            Fui até a faculdade.

            Fui até à faculdade.

 

Todos os exemplos acima estão corretos e, pelo que se vê por eles, o artigo sempre aparece depois de até. O que pode ou não ser usado, a critério de quem escreve, é a preposição. Caso usemos a preposição A, depois de até, antes do artigo feminino A, teremos que utilizar o acento grave para marcar a ocorrência da crase.

 

C. Antes de nomes próprios femininos sem sobrenome e sem indicação de intimidade.

Ambas as frases abaixo estão corretas:

 

Enviou o recado a Marta.

Enviou o recado à Marta.

 

ATENÇÃO: a crase somente é facultativa antes de nomes próprios femininos se eles não vierem acompanhados de sobrenome ou de determinante que indique intimidade. Isso acontece porque o uso do artigo antes de nome próprio, seja de que gênero for, indica intimidade. O sobrenome, por sua vez, indica distanciamento.  Logo, concluímos que:

  • Se usarmos o nome próprio feminino sem sobrenome ou sem determinante que indique intimidade, não indicaremos proximidade ou distanciamento. Neste caso, poderemos escolher por usar ou não o artigo. Se usarmos, haverá crase (desde que haja algum termo que exija a preposição A). Se não usarmos, não haverá crase.
  • Se usarmos o sobrenome, indicaremos distanciamento, formalidade e, por isso, não poderemos usar o artigo antes. Seria incoerente indicarmos, ao mesmo tempo, num mesmo enunciado, proximidade (com o artigo) e distanciamento (com o sobrenome).
    • Enviou o recado a Marta Suplicy.
    • Se usarmos um determinantes que indique intimidade, teremos que usar o artigo, já que a proximidade entre quem escreve e a pessoa sobre a quel se escreve ficou evidenciada.
      • Enviou o recado à Marta, minha namorada.

 

Casos especiais

 

A. Antes das palavras terra, casa e distância.

A.1. Se tais palavras aparecerem sem determinantes, não se pode usar crase.

 

Acabei por retornar a casa, ainda que muitos anos depois.

            O segmento de educação a distância vem crescendo ano a ano.

            O marinheiro voltou a terra e reencontrou sua família.

 

A.2. Se tais palavras vierem determinadas, deve-se usar crase, desde que seja exigida a preposição A.

 

            Acabei por retornar à casa de meus pais, ainda que muitos anos depois.

            O marinheiro retornou à terra natal e reencontrou sua família.

            O atirador de elite observava o ladrão de bancos à distância de 500 metros.

            Depois do recesso, os parlamentares regressaram à Casa para votar.

            O momento que um astronauta mais espera é a hora de voltar à Terra.

 

B. Antes de topônimos (nomes de lugares)

            Os topônimos podem ser:

  • Masculinos: precedidos do artigo O. Nunca são precedidos de crase.
    • O Ceará.
    • Femininos: precedidos do artigo A. Sempre que há a exigência da preposição A, são precedidos por crase.
      • A Itália.
      • Neutros:
        • Se não forem especificados, não aceitam artigo A e não levam crase.
          • São Paulo.
  • Se forem especificados, aceitam o artigo A e levam crase.
    • A São Paulo da garoa.

 

Para saber se um topônimo é feminino ou neutro, use o troque de dizer: “vou a, volto de” (neutro) e “vou à, volto da” (feminino). Vejamos:

 

Regressou à Inglaterra dois anos depois. (quem vai À Inglaterra, volta DA Inglaterra – feminino – crase obrigatória).

Iria a Belo Horizonte se o dinheiro desse. (quem vai A Belo Horizonte, volta DE Belo Horizonte – neutro sem especificador – crase proibida).

Iria à Belo Horizonte das memórias de sua infância. (neutro especificado – crase obrigatória).

 

Casos obrigatórios

 

A. Casos obrigatórios que se justificam pela fusão da preposição A com outra vogal igual.

A.1. Fusão da preposição A com o artigo A ou AS.

 

Era contrário à medida tomada pela direção da empresa.

            Dirigiu-se às pessoas presentes com muita educação.

 

A.2. Fusão da preposição A com a letra A inicial de aquilo, aquele(s) e aquela(s).

 

            Não faça alusão àqueles tempos, pois sabe que isso incomoda seu pai.

            Visava àquela promoção desde o primeiro dia de trabalho.

            Não me referi àquilo que você ontem.

 

A.3. Fusão da preposição A com o pronome demonstrativo A.

 

Entregue as flores à de vermelho, por favor. (=àquela de vermelho).

Contou o segredo à que era mais fofoqueira. (=àquela que era mais fofoqueira).

 

Fique esperto!

            Como se vê pelos exemplos acima, a letra A antes de QUE e DE receberá acento grave sempre que tiver valor de aquela, desde que a preposição A seja exigida na frase.

 

B. Casos obrigatórios que se justificam pela tradição linguística.

B.1. Indicação de horas.

 

            O filme começa às 19h.

            Sairei às três.

 

Ao indicar um intervalo, combine sempre a preposição DE com a preposição A (sem crase) e a contração DA(S) com a contração À(S), que resulta da fusão de A + A.

 

A aula vai de 13h a 17h.

            A aula vai das 13h às 17h.

            A festa foi de uma da manhã a uma da tarde do dia seguinte.

            A festa foi da uma da manhã à uma da tarde do dia seguinte.

 

B.2. Em locuções adverbiais, conjuntivas e prepositivas femininas.

São exemplos de tais locuções: à espera, à frente, à direita, às vezes, à medida que, à proporção que, à noite, à tarde, à toa…

 

Eu aprendo à medida que estudo.

            Muitas pessoas, em vez de lutarem por seus objetivos, vivem à espera de milagres.

            Vire à direita, por favor.

 

ATENÇÃO: se alguma das expressões acima for utilizada de modo a não corresponderem a uma locução adverbial, prepositiva ou conjuntiva, ela não necessariamente apresentará crase. Vejamos:

            À noite, passa rapidamente. (“à noite” é um adjunto adverbial. Logo, há crase, pois trata-se de uma locução adverbial feminina. A frase quer dizer que algo ou alguém [3a do singular] passa depressa à noite.)

            A noite passa rapidamente. (“a noite” é o sujeito, e núcleo do sujeito nunca pode apresentar crase. A frase quer dizer que a noite não demora a passar, que o dia chega logo.)

 

B.3. Na expressão à moda de, ainda que antes de palavras masculinas e mesmo que moda de venha subentendido.

 

Ele canta à moda de Frank Sinatra.

            Ele canta à Frank Sinatra.

            Esse novo talento faz filmes à George Lucas.

 

Observações finais

 

A. Não caia na pegadinha dos verbos transitivos diretos e indiretos (VTDI). Sempre que um verbo for VTDI, ele terá que ter um OD e um OI, não sendo permitido que ele apresente dois OD ou dois OI. Vejamos:

 

Informaram a família sobre o mau comportamento do menino. (frase correta. “A família” é o OD, “sobre o mau comportamento…” é o OI, pois vem regido da preposição “sobre”).

 

Informaram à família o mau comportamento do menino. (frase correta. Dessa vez os objetos trocaram de lugar, e “à família” [agora OI] veio regido da preposição A enquanto “o mau comportamento…” assumiu o papel de OD).

 

Informaram à  família sobre o mau comportamento do menino. (frase incorreta. O verbo apresenta dois objetos indiretos e nenhum direto. Uma das preposições [A ou SOBRE] tem de ser eliminada para que o problema seja sanado. Logo, apesar de não haver problema algum em usar crase no trecho “informaram à família”, o restante da oração deve também ser analisado a fim de se evitar uma conclusão precipitada sobre a correção da frase).

 

B. Crase e pronomes relativos QUE e A QUAL/AS QUAIS.

Sabemos que, muitas vezes, o pronome relativo vem antecedido de preposição. Isso acontece quando o termo posterior a ele o exige. O que às vezes passa despercebido é que, se trocarmos o pronome QUE por A QUAL ou AS QUAIS e ele estiver precedido da precedido da preposição A, essa troca fará com que ocorra crase. Isso acontece porque, diferentemente do QUE, A QUAL e AS QUAIS vêm com o artigo A “de fábrica”.

 

A pessoa a que me referi chegou. ( O verbo referir pede a preposição A, que tem que ser colocada antes do pronome relativo QUE).

A pessoa à qual me referi chegou. (Aqui ocorre o mesmo, mas a preposição A é colocada antes do pronome A QUAL. Logo, A + A QUAL = À QUAL).

As pessoas às quais me referi chegaram. (A + AS QUAIS = ÀS QUAIS).

 

C. Lembre-se do paralelismo sintático.

 

Veja a frase abaixo:

 

Prefiro Português à Matemática.

 

            Essa frase está incorreta porque não respeitou o paralelismo sintático, ou seja, não foi coerente do ponto de vista estrutural. O verbo preferir exige a preposição A, pois é utilizado assim: preferir uma coisa A outra coisa.

Se existe um sinal indicativo de crase antes de Matemática é porque, além da preposição exigida pelo verbo, está lá, também, um artigo definido (A), que é admitido pelo nome.

Ora, se usamos um artigo antes de Matemática, temos que usar um também antes de Português. Só assim respeitaremos o paralelismo sintático da frase. Estariam corretas as duas opções abaixo (com artigo antes dos dois ou sem artigo antes dos dois):

 

Prefiro o Português à Matemática.

            Prefiro Português a Matemática. (a ausência de artigo antes de Matemática acarreta a ausência de crase).

            

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Colocação pronominal em tempos simples

Olá, pessoas!

O tema de hoje é colocação pronominal nos tempos simples (aqueles que apresentam somente um verbo). Vamos lá?

Em primeiro lugar, é importante saber que, quando falamos de colocação pronominal, analisamos a posição dos pronomes oblíquos átonos em relação ao verbo. Trata-se, então, de saber se

O, a, os, as, no, nas, nos, nas, lo, la, los, las

Me, te, se, nos, vos

Lhe, lhes

Virão ANTES do verbo, em PRÓCLISE;

Virão INTERCALADOS ao verbo, em MESÓCLISE;

Virão DEPOIS do verbo, em ÊNCLISE.

Para começar, lembre-se sempre de que:

1. É PROIBIDO colocar pronome oblíquo átono em início de período.

Me cansei de esperar que a internet funcionasse.

Cansei-me de esperar que a internet funcionasse.

2. É PROIBIDO colocar pronome oblíquo átono depois de verbos nos futuros do presente e do pretérito, ambos do indicativo.

Ajudaria-me, se pudesse.

Ajudar-me-ia, se pudesse.

 

Eu mandarei-te as respostas.

Eu te mandarei as respostas.

 

3. É PROIBIDO colocar pronome oblíquo átono depois de verbos no particípio.

Tinha enviado-nos flores.

Tinha nos enviado flores.

 

Vejamos, agora, os casos obrigatórios de próclise, mesóclise e ênclise:

CASOS OBRIGATÓRIOS de PRÓCLISE

1. Com palavras atrativas antes dos verbos.

São palavras atrativas:

a) Aquelas de sentido negativo (não, nunca, ninguém, jamais etc.)

–> Não me lembrei de fazer o trabalho da faculdade.

b) Advérbios curtos que não se separam do verbo por vírgula (tais como hoje, ontem, já, agora etc.)

–>Sempre te queixas sem razão.

c) Pronomes relativos (quem, quem, o qual, a qual…)

–> As mulheres que se preparam disputam vagas de trabalho com os homens.

d) Pronomes indefinidos substantivos (algum, nenhum, cada, alguém, ninguém etc.)

–> Alguém o levou ao hospital, mas não estou certo de quem foi.

e) Pronomes demonstrativos substantivos (este, esse, isto, aquele etc.)

–> Aqueles vos mandaram lembranças.

f) Conjunções subordinativas…

… integrantes (que e se).

–> É importante que se tomem medidas contra a inflação.

… adverbiais (se, caso, quando…)

–> Caso se dediquem aos estudos, obterão sucesso.

2. Na estrutura preposição EM + pronome + gerúndio

“… em se plantando, tudo dá…” ( Pero Vaz de Caminha).

3. Com infinitivo pessoal preposicionado

Ao te aproximares, grita que virei ao teu encontro.

4. Em orações interrogativas que comecem com pronomes ou advérbios interrogativos

Onde te estabeleceste?

Quem me procurou ontem?

5. Em orações optativas (que exprimem desejo)

Nossa Senhora o acompanhe!

Bons ventos o levem!

 

6. Em orações exclamativas

Macacos me mordam!

CASOS OBRIGATÓRIOS de MESÓCLISE

A mesóclise ocorre somente com verbos nos futuros do indicativo (do presente e do pretérito) e somente será obrigatória quando verbos flexionados em tais tempos vierem no início da frase, pois nesse caso a próclise será proibida.

Dúvidas quanto a tempos e modos verbais? Clique AQUI e veja o post sobre o assunto.

Veja a frase com um verbo no futuro do presente do indicativo:

Te darei um presente. (Próclise proibida, pois não se pode começar frase com pronome oblíquo átono).

Darei-te um presente. (Ênclise proibida, pois não se pode colocar pronome oblíquo átono depois de futuros do indicativo).

Dar-te-ei um presente. (Frase correta e única opção para este caso).

Agora com um verbo no futuro do pretérito:

Dar-te-ia um presente, se hoje fosse teu aniversário. (Assim como no caso acima, trata-se da única opção viável).

Se houvesse alguma palavra, deste que não atrativa, antes do verbo, poderíamos escolher entre próclise e mesóclise. Todavia, em situações assim devemos dar preferência à próclise, pois a mesóclise é uma construção já arcaica e que confere um ar de “rebuscamento” desnecessário ao texto.

Eu te daria um presente… (preferível).

Eu dar-te-ia um presente…

 

CASOS OBRIGATÓRIOS de ÊNCLISE

1. Quando o verbo inicia a frase, desde que ele não esteja flexionado em algum dos futuros do indicativo (do presente e do pretérito) e nem no particípio

Faz-me mal ouvir esse tipo de coisa.

Enviei-lhe o novo catálogo de produtos.

2. Com gerúndio não precedido de preposição

Sabe aqueles vários vestidos? Depois do término do namoro, ela se animou comprando-os.

 

3. Com verbos no imperativo afirmativo

Por favor, mande-me aquele documento.

4. após advérbio seguido de vírgula

Hoje, faz-se muita coisa prejudicial ao meio-ambiente.

ATENÇÃO: o uso de verbos no infinitivo impessoal (aquele não flexionado, que se apresente em sua forma natural, como andar, correr, sentir) faz com que tanto a próclise quanto a ênclise sejam possíveis, ainda que haja palavra negativa antes do verbo. Vejamos:

É melhor não o desapontar.

É melhor não desapontá-lo.

Fiquemos por aqui, com uma última observação: quando usamos os pronomes pessoais oblíquos O, A, OS, AS…

… em ênclise com verbos terminados em R, S ou Z: deve-se eliminar o R, S ou Z do fim do verbo e acrescentar um L ao pronome enclítico:

Fazer + a = fazê-lo

Fiz + o = fi-lo

 

… em ênclise com verbos terminados em som nasal: deve-se acrescentar a letra N ao pronome enclítico:

Compraram + os = compraram-nos.

Põe + as = põe-na.

 

Abraços, pessoas! E até a próxima!

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Conjugação Verbal – verbos regulares

Saudações, alunos!

Hoje é dia de tratarmos de um tema muito importante: conjugação verbal!

Esse é um tema que mete medo nos alunos, mas peço a vocês calma, pois não é tão difícil quanto parece!

Vamos começar com uma informação básica, porém importante: a definição do que são verbos de 1a, 2ª e 3a conjugações.

1a conjugação: verbos terminados em AR (cantar, falar, rezar)

2a conjugação: verbos terminados em ER e em OR (bater, crer, pôr, repor)

3a conjugação: verbos terminados em IR (partir, cumprir, sorrir)

Outro lembrete: os verbos podem ser regulares, irregulares ou anômalos. Não vamos nos demorar nessas definições, mas vale explicar que…

…verbos regulares são aqueles que não sofrem, na conjugação, alterações no radical (amar: eu amo, tu amas, ele ama, nós amamos, vós amais, eles amam, por exemplo).

… verbos irregulares são aqueles que apresentam alteração do radical, na conjugação (medir: eu meço, tu medes, ele mede, nós medimos, vós medis, eles medem)

… verbos anômalos são os que possuem mais de um radical e, por isso, ficam bem variados na hora da conjugação (ser: no presente do indicativo, para primeira pessoa do singular, temos eu sou; no pretérito perfeito do indicativo, eu fui; para o futuro do presente, eu serei…)

No post de hoje, trabalharemos somente com verbos regulares. Depois que aprendermos a conjugá-los, poderemos passar aos irregulares e aos anômalos, que são mais complexos.

Tempos primitivos e tempos derivados

 

Partamos do seguinte pressuposto: alguns tempos verbais originam-se de outros. Estes são chamados de tempos primitivos, enquanto aqueles recebem o nome de tempos derivados.

O presente do indicativo é um tempo primitivo. Dele derivam, diretamente, o presente do subjuntivo e as segundas pessoas (tu e vós) do imperativo afirmativo. Indiretamente, o presente do subjuntivo será utilizado para que se criem as demais pessoas do imperativo afirmativo e todo o imperativo negativo.

 

O pretérito perfeito do indicativo dará origem ao pretérito mais-que-perfeito do indicativo, ao pretérito imperfeito do subjuntivo e ao futuro do subjuntivo.

O infinitivo, por sua vez, é usado como base para que se obtenham o futuro do presente do indicativo, o futuro do pretérito do indicativo e o pretérito imperfeito do indicativo.

 

Veja a tabela:

Tempos primitivos Tempos derivados
Presente do indicativo Presente do subjuntivo Imperativo negativo (todo)
Imperativo afirmativo (exceto 2as pessoas)
2as pessoas do imperativo afirmativo
Pretérito perfeito do indicativo Pretérito MQP do indicativo
Pretérito imperfeito do subjuntivo
Futuro do subjuntivo
Infinitivo impessoal Fut. do pres. do indicativo
Fut. do  prét. do indicativo
Prét. imperfeito do indicativo

Usaremos os verbos cantar, bater e partir, três verbos regulares, um de cada conjugação.

1) Tempos derivados do presente do indicativo

 

Antes de mais nada, vejamos os verbos acima conjugados no presente do indicativo.

Pres. indicativo

Eu

Canto

Bato

Parto

Tu

Cantas

Bates

Partes

Ele

Canta

Bate

Parte

Nós

Cantamos

Batemos

Partimos

Vós

Cantais

Bateis

Partis

Eles

Cantam

Batem

Partem

Como obter o presente do subjuntivo a partir do presente do indicativo:

 

Passo 01: selecione a primeira pessoa do singular do presente do indicativo dos verbos e subtraia a letra “o” do final:

CANTO                                                BATO                                                  PARTO

Assim, obteremos as bases dos verbos: cant-, bat- e part-.

Passo 02: se o verbo for de 1a conjugação, acrescente a letra “e” à base. Se o verbo for de 2a ou 3a conjugação, acrescente a letra “a” à base. Essas letras acrescentadas funcionarão como desinência modo-temporal dos verbos, ou seja, serão os morfemas que indicarão em qual te em qual empo e modo eles estão conjugados. Depois da desinência modo-temporal, acrescente a desinência número-pessoal quando for o caso.

Como sabemos, o verbo conjugado em algum dos tempos do modo subjuntivo será precedido de conjunção. Usaremos, aqui, a conjunção “que”.

Cantar Bater Partir
Que eu Cante Bata Parta
Que tu Cantes Batas Partas
Que ele Cante Bata Parta
Que nós Cantemos Batamos Partamos
Que vós Canteis Batais Partais
Que eles Cantem Batam Partam

Em negrito: desinência modo-temporal; em itálico: desinência número-pessoal

Fácil, não é?

A partir do presente do subjuntivo obtém-se o imperativo negativo. Basta colocar o “não” antes do verbo. Utilizemos o verbo “cantar” como exemplo, lembrando que não há primeira pessoa do singular (eu) quando conjugamos um verbo no imperativo.

Imperativo negativo do verbo CANTAR:

 

Não cantes tu     (2a singular)

Não cante você  (3a singular)*

Não cantemos nós  (1a plural)

Não canteis vós (2a plural)

Não cantem vocês (3a plural)*

* Atenção: as formas imperativas das terceiras pessoas do singular e do plural são utilizadas para se referir às segundas pessoas (com quem se fala). Os verbos ficam na 3a pessoa para concordar com o pronome pessoal de tratamento que, usualmente, é utilizado nesses casos (você e vocês).

Como obter o imperativo afirmativo:

Diferentemente do imperativo negativo, o afirmativo não deriva completamente do presente do subjuntivo. Para conseguir o imperativo afirmativo, deve-se fazer o seguinte:

  • ignore a 1a pessoa do singular (eu);
  • a 2a pessoa do singular e a do plural (tu e vós) vêm diretamente do presente do indicativo, retirando-se, das formas verbais a elas correspondentes, a letra S final;
  • as demais pessoas do imperativo afirmativo vêm do presente do subjuntivo, sem modificação.

QUADRO!

Presente do indicativo

Imperativo afirmativo

Presente do subjuntivo

Eu canto —————————-

Que eu cante

Tu cantas –>

Canta tu

Que tu cantes

Ele canta

Cante você

<–  Que ele cante

Nós cantamos

Cantemos nós

<–  Que nós cantemos

Vós cantais –>

Cantai vós

Que vós canteis

Eles cantam

Cantem vocês

<–  Que eles cantem

 

2) Tempos derivados do pretérito perfeito do indicativo

Vencida a primeira etapa, passemos agora para os tempos que derivam do pretérito perfeito do indicativo, tempo no qual nossos três verbos estão conjugados abaixo:

 

 

Pret. Perf. do indicativo

Eu

Cantei

Bati

Parti

Tu

Cantaste

Bateste

Partiste

Ele

Cantou

Bateu

Partiu

Nós

Cantamos

Batemos

Partimos

Vós

Cantastes

Batestes

Partistes

Eles

Cantaram

Bateram

Partiram

 

Utilizaremos, nesta etapa, a 3a pessoa do plural dos verbos conjugados no pretérito perfeito do indicativo. Subtraia dela a terminação RAM:

CANTARAM                                        BATERAM                               PARTIRAM

 

Assim, temos as bases canta-, bate- e parti-.

Como obter o pretérito mais-que-perfeito do indicativo:

 

Utilize a base do verbo e acrescente, logo após, a desinência modo-temporal RA (para as pessoas em geral) e RE (para a 2a pessoa do plural – vós). Depois da desinência modo-temporal, acrescente a número-pessoal, quando necessário:

Eu Cantara Batera Partira
Tu Cantaras Bateras Partiras
Ele Cantara Batera Partira
Nós Cantáramos Batêramos Partíramos
Vós Cantáreis Batêreis Partíreis
Eles Cantaram Bateram Partiram

Em negrito: desinências modo-temporais; em itálico: desinências número-pessoais.

Como obter o imperfeito do subjuntivo:

Basta usar a base + SSE (desinência modo-temporal) + desinência número-pessoal (quando necessário). Abaixo, um exemplo com o verbo BATER (lembre-se: como o verbo está conjugado num tempo do subjuntivo, há uma conjunção antes dele!):

Se eu

Batesse

Se tu

Batesses

Se ele

Batesse

Se nós

Batêssemos

Se vós

Batêsseis

Se eles

Batessem

Em negrito: desinências modo-temporais; em itálico: desinências número-pessoais.

Como obter o futuro do subjuntivo:

 

Bastar usar a base + R (desinência modo-temporal) + desinência número pessoal (quando necessário). Vejamos o exemplo como verbo PARTIR:

Quando eu

Partir

Quando tu

Partires

Quando ele

Partir

Quando nós

Partirmos

Quando vós

Partirdes

Quando eles

Partirem

Em negrito: desinências modo-temporais; em itálico: desinências número-pessoais.

 

ATENÇÃO!

 

A frase “o que acontecerá se o governo não propor um acordo?” está correta?

E “se eu ver seu irmão, darei seu recado?”

Resposta: as duas frases apresentam incorreção. As formas verbais propor e ver, da maneira como foram usadas acima, estão no futuro do subjuntivo (note a conjunção “se” antes delas). Sendo assim, deverão ser obtidas a partir da base correta, que é a 3a pessoa do plural do verbo conjugado no pretérito perfeito do indicativo. PROPOR: propuseram – RAM = propuse; VER: viram – RAM = vi. Então vejamos:

Futuro do subjuntivo

Propor Ver
Se eu Propuser Vir
Se tu Propuseres Vires
Se ele Propuser Virem
Se nós Propusermos Virmos
Se vós Propuserdes Virdes
Se eles Propuserem Virem

Então, pessoas, cuidado na hora de usar os verbos pôr e ver (e o vir também), bem como seus derivados, no futuro do subjuntivo!

3) Tempos derivados do infinitivo

 

Nesse caso, usam-se a formas do infinitivo impessoal (os nossos exemplos: CANTAR, BATER, PARTIR) – R ou – (vogal + R). Assim, encontra-se a base.

Como obter o pretérito imperfeito do indicativo

 

Verbos de 1a conjugação: base + VA (para as pessoas em geral) e VE (para vós)

Verbos de 2a ou 3a conjugações: base + IA (geral) e IE (vós) ou NHA (geral) e NHE (vós)

Acrescenta-se, após, a desinência número-pessoal, quando houver.

Exemplos (em vez do verbo “bater”,  colocamos o verbo “ter”. Assim exemplificamos todas as possibilidades de desinência modo-temporal:

Eu

Cantava

Partia

Tinha

Tu

Cantavas

Partias

Tinhas

Ele

Cantava

Partia

Tinha

Nós

Cantávamos

Partíamos

nhamos

Vós

Cantáveis

Partíeis

nheis

Eles

Cantavam

Partiam

Tinham

BASE usada

Inf – R

CANTA

Inf – (vogal + R)

PART

Verbo irregular – modificação do radical

Em negrito: desinências modo-temporais; em itálico: desinências número-pessoais.

 

Como obter o futuro do presente

 

BASE + REI RÁS REMOS REIS RÃO
  Eu Tu Ele Nós Vós Eles

 

Fut. Pres. Indicativo

Eu

Cantarei

Baterei

Partirei

Tu

Cantas

Bates

Partis

Ele

Canta

Bate

Parti

Nós

Cantaremos

Bateremos

Partiremos

Vós

Cantareis

Batereis

Partireis

Eles

Cantao

Bateo

Partio

Em negrito: desinências modo-temporais; em itálico: desinências número-pessoais.

Como obter o futuro do pretérito

 

BASE + RIA RIAS RIA RÍAMOS RÍEIS RIAM
  Eu Tu Ele Nós Vós Eles

 

Fut. Pres. Indicativo

Eu

Cantaria

Bateria

Partiria

Tu

Cantarias

Baterias

Partirias

Ele

Cantaria

Bateria

Partiria

Nós

Cantaríamos

Bateríamos

Partiríamos

Vós

Cantaríeis

Bateríeis

Partiríeis

Eles

Cantariam

Bateriam

Partiriam

Em negrito: desinências modo-temporais; em itálico: desinências número-pessoais.

 

Tempos compostos

 

Pessoas,

Além dos tempos simples, temos que nos lembrar dos tempos compostos.

A formação dos tempos compostos se dá com a combinação de um verbo auxiliar (ter ou haver) conjugado com o particípio do verbo auxiliar.

Podemos tomar como exemplo:

Ele tinha feito um bom trabalho.

Se você tivesse comprado aquele carro…

Se ele pudesse, haveria comprado um presente melhor.

Abaixo, uma tabela com os tempos compostos:

 

Do indicativo

Do subjuntivo

Pretérito perfeito

Pres. do ind. + particípio

Tenho batido

Pres. do subj. + partícipio

Tenha batido

Pretérito MQP

Pret. Imperf. do ind. + Particípio

Tinha batido

Imperfeito do subj. + particípio

Tivesse batido

Futuro do presente

Fut. do pres. do ind. + particípio

Terei batido

Fut. do subjuntivo + particípio

Tiver batido

Futuro do pretérito

Fut. do pretérito do ind. + particípio

Teria batido

Espero que as explicações deste post tenham sido úteis!

Nós estudamos, aqui, basicamente só os verbos regulares. O melhor é começar assim e, depois de já compreendida a parte inicial, encarar as peculiaridades dos verbos irregulares e anômalos.

Fonte: para elaborar este post, foram-me muito úteis os conhecimentos adquiridos nas aulas da professora Flávia Rita, durantes as leituras da Novíssima Gramática da Língua Portuguesa, de Domingos Paschoal Cegalla (da Companhia Editora Nacional), e por meio de muitos estudos usando diversos materiais e provas passadas de concurso!

Abraços para todos vocês!

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Post especial sobre redação!

          Olá, pessoas concurseiras!

       Como o concurso da Caixa Econômica Federal resolveu exigir que o candidato escreva um texto dissertativo-argumentativo, decidi fazer um post dedicado ao assunto.

        Fazer redação é um tema com o qual os candidatos que se preparam para concursos de banco não têm intimidade, pois não é comum que isso seja exigido deles. Por isso, tenho percebido uma sensação de insegurança generalizada entre aqueles que vão prestar o concurso da Caixa dentro de algumas semanas.

      Sendo assim, resolvi postar um esquema básico de elaboração de textos dissertativo-argumentativos que pode ser útil aos candidatos a um cargo na CEF ou a qualquer outro. Trata-se de uma forma de se fazer um texto, que serve para situações em que se deve defender um ponto de vista por meio da elaboração de bons argumentos e de seu encadeamento lógico.

        Então, gente, atenção: o esquema que eu vou passar aqui não é o único existente e nem é adequado a todo e qualquer tipo de tema, mas serve para uma grande quantidade deles!

          Vejamos então:

     A estrutura de todo texto dissertativo-argumentativo deve contemplar as seguintes partes: introdução, desenvolvimento e conclusão.

A introdução é a parte em que você deve fazer a contextualização, que, em certa medida, justifica o fato de você escrever sobre um determinado tema, e apresentar de forma sucinta os seus argumentos.

No desenvolvimento você apresentará os seus argumentos e falará sobre eles, explicando-os. Cuidado para não cair na tentação de desenvolver argumentos na introdução, pois isso é coisa que se faça somente no desenvolvimento.

Quando estiver escrevendo seu desenvolvimento, siga esta regra de ouro: aborde um tópico em cada parágrafo. Nada de explorar dois temas em um parágrafo só, pois isso causa uma confusão e deixa seu texto mal dividido. O ideal é sempre manter a relação de um tópico frasal para cada parágrafo.

Na conclusão, você escolherá uma expressão inicial que terá a função de fazê-la se relacionar a tudo o que foi dito no texto. Pode ser algo como dessa forma, desse modo, como consequência dos fatos mencionados… Evite termos como concluindo, conclui-se que, pois eles são redundantes. Se você está na conclusão, é claro que está concluindo algo. Não precisa dizer isso.

          Ao fazer uma redação em uma prova de concurso, você deve se lembrar de nunca se manifestar na 1a pessoa do singular (eu). Apesar de ser admissível  escrever um texto dissertativo em 1a do plural (nós), o ideal é que o candidato use a 3a do singular ao longo do seu texto todo, sem se envolver. O “eu” e o “nós”, se usados, vão imprimir ao texto marcas de pessoalidade, e isso não é bom porque a sua redação tem que ser impessoal.

          Segue, então, uma pequena listinha do que você não deve fazer:

* Não use o “eu” e nem o “nós”. Escreva seu texto na 3apessoa do singular.

*Em situações em que você for se referir ao sujeito da oração, você pode precisar usar o verbo na 3a do plural também. Isso não tem nenhum problema. Veja: “Os problemas que surgem no período chuvoso do ano…”.  Essa frase não seria problemática. Ruim é escrever: “Nós achamos que /Eu acho que os problemas que surgem…”.

*Não use exclamações, interrogações ou reticências.

* O uso de perguntas em um texto nem sempre é ruim, mas pode ser um risco fazê-lo em uma prova de concurso, pois ele representa a interlocução com o leitor, o que não deve acontecer. Se você quiser lançar um questionamento em seu texto, faça isso com uma pergunta indireta (ou seja, sem ponto de interrogação). O único local adequado para fazer isso é em sua conclusão.

*Não use frases prontas e nem ditos populares.

* Não use exemplos pessoais, que não tenham sido amplamente divulgados pela imprensa.

* Não faça citações diretas.

*As citações podem enriquecer muito um texto, mas só têm valor se vierem acompanhadas de referências. Como você não poderá levar nenhum livro para o concurso, não terá de onde tirar uma referência. Logo, não poderá fazer citações.

* Não faça períodos muito logos e nem muito curtos (tente deixá-los com um tamanho que varia de no mínimo duas a no máximo três linhas).

* Não faça parágrafos com um só período. Se o seu parágrafo conta com somente um período, você provavelmente escreveu algo que poderia ter sido dividido em duas partes e ficado mais claro.

* Não use argumentos religiosos. Não importa o quão religioso você seja, em um texto dissertativo-argumentativo aquilo que é calcado na fé não tem vez, pois a fé é composta por dogmas, que não admitem ser refutados.

* Não use palavras grosseiras e xingamentos. Tenha especial cuidado com temas que suscitem debates éticos, morais e religiosos. Nunca chame os políticos de “malandros sem vergonha”, não diga que os “assassinos merecem queimar no inferno” etc.

* Não use palavras em seu sentido conotativo. Dê preferência, sempre, ao sentido denotativo dos termos. Evite regionalismos, neologismos, metáforas e não empregue gírias e trechos com marcas de oralidade.

* Evite repetição de palavras, inclusive de conectores. Se já usou o “mas” da primeira vez, empregue o “porém” da segunda.

* Evite estrangeirismos. Quando for usar uma palavra de origem estrangeira, coloque-a entre aspas. Se houver um termo em português equivalente, utilize-o no lugar do estrangeirismo.

* Evite o excesso de adjetivos, pois eles dão um caráter pessoal ao texto. O mesmo serve para alguns advérbios, que indicam a posição do autor (muito, extremamente, pouco…).

          Agora que temos a lista do que não fazer, passemos ao que deve ser feito:

         O texto a ser escrito no concurso da Caixa Econômica Federal deve ter de 25 a 30 linhas. Em uma redação com esse tamanho, podemos adotar a seguinte estrutura:

INTRODUÇÃO: 5 linhas

DESENVOLVIMENTO: 3 parágrafos (3 argumentos) com 5 linhas cada

CONCLUSÃO: 5 linhas

         É claro que esse esquema não precisa ser seguido rigidamente. Não haverá nenhum problema se você usar 6 linhas em um dos parágrafos do desenvolvimento e 4 e meia em outro. O importante é só não fazer parágrafos diferentes demais em tamanho e nem ignorar a importância da introdução e da conclusão, reservando a elas espaço pequeno demais.

         O primeiro passo é ler o tema. Utilizemos o seguinte:

O Brasil sediará, em 2014, a Copa do Mundo, um dos eventos esportivos de maior prestígio do planeta. A realização do campeonato em terras nacionais divide a opinião dos brasileiros. Parte da população é contrária à realização do evento no país, parte é favorável.

 

Escreva um texto dissertativo argumentativo, utilizando de 25 a 30 linhas, respondendo à seguinte pergunta: a realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil é positiva ou negativa para o país?

 

          A partir do tema proposto, elaboraremos a introdução, que conterá as seguintes partes: contextualização (que pode ser uma paráfrase do tema), posicionamento (que demonstrará ao seu leitor qual é a sua posição a respeito da questão) e apresentação dos argumentos (sem desenvolvimento deles. Será apenas uma citação).

** ATENÇÃO: os parágrafos do texto que eu fiz, por uma questão de formatação, ao serem postados aqui no blog, ficaram com menos de 5 linhas cada. Quando digitei no Word cada um tinha 5 linhas. Além disso, se manuscrito, o texto que fiz de exemplo ocuparia mais linhas! **

ELABORAÇÃO DA INTRODUÇÃO: o primeiro passo, aqui, é escolher a posição. Seremos favoráveis. Logo, nossa resposta à pergunta é SIM. Pensemos: “Sim, mas por quê?”. Vamos, agora, pensar em três “porquês”. Cada um deles será um argumento.

  1. SIM, porque tanto a preparação do país para a Copa quanto a sua realização no país são capazes de gerar postos temporários e permanentes de emprego.
  2. SIM, porque o evento deixará um legado de obras que melhorarão a infraestrutura das cidades que receberão jogos.
  3. SIM, porque a realização de um evento dessa proporção no Brasil servirá de propaganda do país no exterior, o que poderá aumentar o interesse de turistas pelo país.

          De posse dos nossos “porquês”, que são os argumentos, faremos a introdução. Ela começará com a contextualização (paráfrase do tema, em itálico), passará pelo posicionamento (em negrito) e terminará com a apresentação dos argumentos. Vejamos:

             A proximidade da realização da Copa do Mundo de 2014, no Brasil, divide opiniões: há quem seja a favor de que o país receba tal evento, há quem seja contra. Ainda que existam vozes contrárias, sediar um campeonato desse porte pode trazer resultados positivos, pois acarreta a melhora da infraestrutura [argumento 1], a geração de empregos [argumento 2] e possibilita o desenvolvimento do setor turístico [argumento 3].

         A nossa introdução está pronta. Veja que, no tocante aos argumentos, ela deve, simplesmente, mencioná-los. Quem tem a função de explicar tudo é o desenvolvimento. Não caia na tentação de ser prolixo na introdução!

ELABORAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO: cada um dos três parágrafos do desenvolvimento corresponderá a um dos argumentos apresentados na introdução. Não aborde mais de um deles em cada parágrafo e nem use mais de um parágrafo para um argumento. Outra coisa que não deve ser feita: trabalhar, ao longo do desenvolvimento, um argumento que não tenha sido citado na introdução. Você pode usar exemplos, mas evite enumerações muito longas.

2o parágrafo (primeiro do desenvolvimento):

            Organizar um evento esportivo de dimensões tais quais as da Copa do Mundo de futebol exige a melhoria da infraestrutura nacional, que envolve o complexo de ruas e estradas, os aeroportos e a rede hoteleira. As obras de preparo do Brasil para a Copa gerarão resultados que permanecerão após o fim da competição, em benefício da população.

3o parágrafo (segundo do desenvolvimento):

          Além disso, postos temporários e permanentes de emprego serão criados ao longo do período de organização do evento, especialmente no setor da construção, seja pesada, com estádios, e civil, com hotéis, e de serviços. A multiplicação dos postos de trabalho em decorrência da Copa do Mundo é positiva para os brasileiros, individualmente considerados, e para a economia nacional.

“Além disso”: liga o 2o parágrafo do desenvolvimento ao parágrafo anterior.

4o parágrafo (terceiro do desenvolvimento):

              Em adição aos benefícios citados, pode-se acrescentar o impacto que a exposição do Brasil na mídia internacional deve ter no desenvolvimento do turismo. O incremento do número de estrangeiros no país no decorrer do campeonato e a transmissão dos jogos em diversos países do mundo têm o potencial de alavancar o turismo, o que injetaria dinheiro na economia nacional.

“Em adição aos benefícios citados” : liga o 3o parágrafo do desenvolvimento ao anterior.

ELABORAÇÃO DA CONCLUSÃO: para escrever a conclusão, você deverá utilizar uma expressão com a finalidade de introduzi-la (em negrito) e, logo após, deverá retomar o tema (em itálico). Na conclusão é possível colocar uma expectativa ou lançar um questionamento (se for fazer este último, recomendo que seja com uma pergunta indireta, sem o uso do ponto de interrogação).

          Em consequência dos fatos mencionados, a realização da Copa do Mundo no Brasil, em 2014, poderá trazer resultados positivos à população. Espera-se que os esforços envidados para tornar o Estado brasileiro apto a receber o mundial de futebol não sejam vãos e que revertam, de fato, em benefício da sociedade de forma permanente. [expectativa]

         Bem, pessoal, aí está um modelo básico de redação que pode ser usado em concursos. Como eu disse, não se trata da única forma de se fazer uma redação, mas sim de uma receita para ajudar àqueles com menos intimidade com a produção de textos dissertativos a serem bem sucedidos na empreitada. Nada impede, porém, que os candidatos usem outros esquemas, outras técnicas, desde que adequadas ao contexto. O que importa é escrever o texto sentindo-se seguro e confortável.

           Espero que o post tenha sido útil! Um grande abraço e bons estudos para todos!

         Para fazer este post, usei muitos conhecimentos adquiridos com a leitura do livro Técnicas Básicas de Redação, de autoria de Branca Granatic (Editora Scipione). É um livro muito bacana e com ótima didática! Recomendo aos que tiverem interesse. Para vê-lo, clique aqui.

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Homônimos e Parônimos

Olá, pessoas!

Em primeiro lugar, desculpem-me pelo sumiço! Ando bem apertado com os meus compromissos profissionais e acadêmicos e, por isso, não consegui postar nada desde o dia 23. Mas… estou de volta!

O post de hoje foi motivado por uma sugestão do Rafael, um amigo. Ele viu um deslize ortográfico no site da Globo e logo lembrou do blog! Ótimo, né?

A escorregada em questão foi a seguinte: ao escrever “Joselito reúne exotéricos (sic), e eles tentam exorcizar Iara”, alguém trocou um S por um X.

Não é que a palavra tal qual escrita não existe. Exotérico é correto, mas não para significar algo sobrenatural. Essa palavra, conforme nos ensina o Houaiss, refere-se aos “escritos aristotélicos destinados ao grande público, em forma de diálogo, dos quais só restaram fragmentos”. O termo pode até remeter a um passado distante, mas não tem nada a ver com coisas de outro mundo!

Vejam bem, leitores: quando queremos mencionar algo sobrenatural, búzios, tarô e afins, devemos usar o termo esotérico, grafado com a letra S, e não com X!

Embaralhar-se com o uso de exotérico e esotérico não é “privilégio” de quem escreveu trocado no site da Globo, não (veja aqui o texto, à direita, abaixo do vídeo intitulado “alma penada”: http://tvg.globo.com/novelas/aquele-beijo/). É com muita frequência que cada um de nós se confunde com palavras que têm a grafia e o som muito parecidos.

É aí que entram os homônimos e os parônimos! Trata-se de conceitos conectados ao que vínhamos discutindo e que que Fumarc adora cobrar em provas (é, portanto, tema importante aos que se preparam para o concurso do TJMG, que já está batendo à nossa porta!).

          Parônimos são vocábulos que têm significados diferentes, mas que têm pronúncia ou grafia muito parecidas. Alguns exemplos de parônimos:

Descrição (de descrever) Discrição (de ser discreto)
Emergir (vir à tona) Imergir (afundar, mergulhar)
Retificar (corrigir) Ratificar (confirmar)
Infração (desrespeito, violação) Inflação (aumento de preços)
Pleito (pedido) Preito (homenagem)

          Homônimos, por sua vez, são palavras que têm significados distintos, mas que coincidem na escrita, na pronúncia ou em ambos.

Os homônimos serão perfeitos se coincidirem na escrita e na pronúncia. Vejam os exemplos:

Se chegarem atrasados ao cinema, verão somente metade do filme.

Prefiro o verão ao inverno.

 

Hoje é dia de São João!

Ele chegou são e salvo ao destino.

 

            Os homônimos podem ser imperfeitos. Nesse caso, há duas possibilidades:

1. Serão homônimos homófonos e heterográficos (terão a pronúncia idêntica mas serão diferentes na escrita):

A população tacha todos os políticos de corruptos. (= qualificar).

A prefeitura acabou de instituir uma nova taxa. (= tipo de tributo).

O susto o deixou estático. (= imóvel).

A boa notícia o deixou extático. (= em êxtase).

Ainda não dá para saber as medidas incipientes do governo surtirão os efeitos planejados. (= iniciantes).

Muitas pessoas são insipientes naquele assunto. (= ignorantes).

2. Serão homógrafos e heterofônicos (terão a mesma grafia, mas serão pronunciados de forma diferentes):

O almoço estava ótimo. (substantivo – “almôço”).

Eu almoço sempre ao meio-dia. (verbo – “almóço”).

Estou com sede. Dê-me água. (vontade de beber água).

A sede da Caixa Econômica Federal fica em Brasília. (local principal de uma organização administrativa).

Agora que vimos todos esses conceitos, exotérico e esotérico são palavras parônimas ou homônimas?

Elas são escritas de forma diferente, mas apresentam a mesma pronúncia. São, assim, homônimos homófonos heterográficos.

Espero que a explicação tenha ficado clara!

Abraços para todos e bons estudos!

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Correlação entre tempos e modos verbais

Maria bebeu a água que pôs no copo.

            Eu pergunto a vocês, leitores: essa frase está correta?

Trata-se, sem dúvidas, de uma frase clara, pois todo mundo que a lê entende perfeitamente o que aconteceu: em primeiro lugar, Maria colocou a água no copo. Em segundo, a bebeu.

Atenção para o tempo verbal que foi usado em ambas as ações: pretérito perfeito do indicativo, que indica uma ação passada já concluída.

No nosso exemplos, temos duas ações passadas concluídas (beber e pôr). Acontece, todavia, que não é possível que Maria tenha bebido e colocado a água no copo simultaneamente. Uma das ações aconteceu antes da outra. E qual é o tempo verbal que devemos usar para indicar uma ação passada concluída antes de outra ação também passada? O pretérito mais-que-perfeito!

Como Maria teve que pôr a água no copo antes de bebê-la, o ideal seria que escrevêssemos a frase assim:

 

Maria bebeu a água que pusera no copo.

            Nessa nova construção, temos a correlação adequada de tempos e modos verbais. Sabemos, então, que o pretérito mais-que-perfeito do indicativo combina com o pretérito perfeito do indicativo quando queremos indicar duas ação passadas concluídas, uma anterior à outra.

Vejamos mais um exemplo:

 

Se eu ganhasse na loteria, compraria uma mansão.

            Aqui há o verbo ganhasse, flexionado no imperfeito do subjuntivo, modo este que expressa dúvida, hipótese. Temos que pensar na carga semântica do verbo quando escolhemos algum outro para com ele combinar. No caso em questão, podemos escolher o futuro do pretérito do indicativo (compraria), pois ele expressa uma ação futura cuja realização depende de algo, uma ação condicionada.

A ideia transmitida pelo imperfeito do subjuntivo é de uma possibilidade bem remota. Por isso devemos usar o futuro do pretérito na combinação.

As correlações entre o pretérito MQP e o pretérito perfeito, ambos do indicativo, e entre o imperfeito do subjuntivo (SSE) e o futuro do pretérito do indicativo (RIA) , são as mais comuns nas provas.

Em relação às demais, cabe ao leitor analisá-las cuidadosamente e ver se a lógica entre as informações é mantida.

Vejamos mais alguns exemplos de combinações bem feitas:

 

Se eu ganhar na loteria, comprarei um iate. (Fut. do subjuntivo + fut. do pres. do indicativo).

 

Mamãe pediu que eu buscasse meu irmão na escola. (Pret. Perfeito do indicativo + imperfeito do subjuntivo).

 

Se mamãe tivesse pedido, eu teria buscado meu irmão na escola. (Pret. Mais-que-perfeito composto do subjuntivo + futuro do pretérito composto do indicativo).

 

Apesar de ser seguro considerar que o imperfeito do subjuntivo e o futuro do pretérito do indicativo combinam (SSE – RIA), o importante mesmo é treinar para conseguir compreender o sentido dos períodos formado com correlações de tempos verbais. Para isso, é preciso saber o que cada tempo e modo verbal quer dizer.

 

Em relação à atitude do falante, pode-se dizer que ela muda conforme o modo verbal escolhido, como no esquema abaixo:

 

  • Modo indicativo à atitude de declaração, de certeza;
  • Modo subjuntivo à atitude de dúvida, fala hipotética;
  • Modo imperativo à atitude de ordem, pedido, sugestão.

 

 

Quanto ao sentido dos tempos verbais do modo indicativo, podemos afirmar o seguinte (abordaremos os sentidos básicos!):

 

TEMPOS DO MODO INDICATIVO:

Presente do indicativo

  • Enuncia um fato que ocorre no momento em que se fala: como um pedaço de bolo.
  • Dá atualidade ou dinamismos a fatos passados que são contados no presente: nesse momento, então, o Brasil declara independência de Portugal…
  • Indica ação futura e certa: amanhã faço os exercícios de matemática.
  • Exprime dogmas, fatos cientificamente comprovados: a Terra gira em torno do sol; um ângulo reto tem 90 graus.
  • Enuncia ação habitual: aos sábados corro no parque.

 

Pretérito perfeito do indicativo

  • Enuncia fato passado já concluído: caí do cavalo.

 

Pretérito mais-que-perfeito do indicativo

  • Exprime fato passado concluído antes de outro fato também passado: plantara os frutos que colheu (primeiro plantou, depois colheu).

 

Pretérito imperfeito do indicativo

  • Exprime um fato passado referindo-se ao momento em que ele ainda acontecia (ou seja, ainda não concluído): eu cozinhava quando minha mãe chegou.
  • Indica ação frequentativa passada: quando criança, lia Monteiro Lobato.

 

Futuro do presente do indicativo

  • Indica fato futuro tido como certo: amanhã farei os trabalhos da faculdade.

 

Futuro do pretérito do indicativo

  • Enuncia um fato futuro  relativo a um fato passado: ontem Marta falou que compraria um par de sapatos.

 

Por fim, lembremo-nos, também, dos tempos compostos:

 

  Do indicativo Do subjuntivo
Pretérito perfeito Pres. do ind. + particípio

Tenho escolhido

Pres. do subj. + partícipio

Tenha escolhido

Pretérito MQP Pret. Imperf. do ind. + Particípio

Tinha escolhido

Imperfeito do subj. + particípio

Tivesse escolhido

Futuro do presente Fut. do pres. do ind. + particípio

Terei escolhido

Fut. do subjuntivo + particípio

Tiver escolhido

Futuro do pretérito Fut. do pretérito do ind. + particípio

Teria escolhido

 

Com base nessa tabela, por exemplo, sabemos que Maria tinha feito os deveres quando a energia acabou equivale a Maria fizera os deveres quando a energia acabou.

 

Este post não teve, de jeito nenhum, a intenção de esgotar o tema da correlação entre tempos e modos verbais. A intenção foi apenas a de dar uma clareada no assunto e incentivá-los, leitores, a estudar e a treinar bastante, pois só assim vocês ficarão seguros para enfrentarem as questões que cobrem isso aqui!

Um abraço!

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Adjunto Adnominal e Predicativo do Objeto

Saudações, alunos reais e virtuais!

Hoje, ao invés de comentar várias questões de uma prova, comentarei apenas uma questão da prova de Analista Legislativo do concurso do Senado, que foi aplicada em 2008 pela FGV. Mas, claro, aproveitarei para fazer comentários sobre a matéria cobrada!

Para que possamos fazer a questão, copiarei os trechos do texto necessários.

Questão: Assinale a alternativa que desempenhe, no texto, função sintática idêntica à de possível (L.7)

a) ágeis (L.49)
b) inassimiláveis (L. 18)
c) vitais (L. 63)
d) ampla (L.31)
e) importante (L. 5)

RESPOSTA:
A primeira coisa a ser observada é a seguinte: o enunciado pede para que encontremos a alternativa que exerça a mesma função sintática do termo destacado.
Quando falamos em função sintática, referimo-nos ao papel desempenhado pela palavra ou pelo termo na oração. São exemplos de funções sintáticas: sujeito, predicativo do sujeito, objeto direto, objeto indireto etc.
Não confunda função sintática com classe morfológica. A classe da palavra diz respeito à sua natureza, e não à função que ela exerce. São classes morfológicas: substantivo, artigo, pronome, adjetivo, conjunção, numeral, preposição, interjeição, advérbio e verbo.
Vejamos o trecho do enunciado:

Esse pacto, talvez o mais importante de nossa história republicana, ensejou a eleição da chapa Tancredo Neves/José Sarney, por intermédio do Colégio Eleitoral, e tornou possível, de forma pacífica, a passagem do regime autoritário para o Estado democrático de Direito.

Em um período tão comprido como esse, o ideal é tirarmos tudo o que não faz diferença para analisarmos somente o essencial. Além disso, colocar a frase na ordem direta ajuda muito!

Esse pacto, talvez o mais importante de nossa história republicana, ensejou a eleição da chapa Tancredo Neves/José Sarney, por intermédio do Colégio Eleitoral, e tornou possível, de forma pacífica, a passagem do regime autoritário para o Estado democrático de Direito.

Organizando o que não está cortado na ordem direta, temos:
S OD Pred. OD
[Esse pacto] tornou a [passagem] [possível].

O verbo tornar pode, como vemos pelo exemplo acima, ser um VTD. Nesse caso, no geral, apresentará, além do OD, um predicativo do objeto, termo que expressa uma característica daquele a que se refere. Possível, então, exerce a função de predicativo do OD na frase que serve como nosso paradigma.
E como fazer para diferenciar o predicativo do objeto de um adjunto adnominal? Duas formas:
1. Na teoria: o predicativo do objeto é termo que complementa o objeto conferindo a ele uma característica, uma qualidade, um atributo. Não pode ser retirado da oração; o ajunto adnominal, por sua vez, é um termo acessório, que qualifica ou define um nome (sendo que este pode estar exercendo função de OD) e que pode ser retirado da oração sem prejuízo de sentido.
2. Na prática: troque o nome por um pronome. Se você conseguir substituir todo o termo por um pronome, é sinal de que os qualificadores que acompanham o núcleo do termo são adjuntos adnominais. Se não conseguir substituir tudo por um pronome, é sinal de que, na verdade, você tem dois termos, sendo um deles o predicativo do objeto, e não somente um termo cujo núcleo é acompanhado de adjunto(s) adnominal(is). (Atenção: naturalmente, essas observações só valem quando estamos analisando a função de termos que qualificam o OD. Do contrário, não há que se falar em predicativo do OD!).

Vejamos exemplos:
Eu comi o bolo gostoso.
Eu o comi.
No exemplo acima, podemos substituir todo o termo bolo gostoso, que é o OD, pelo pronome pessoal o. Isso é sinal de que a palavra gostoso não é um termo independente, mas sim um adjunto adnominal ligado ao núcleo do OD (bolo).
O adjunto adnominal, sozinho, não faz um termo. Ele somente acompanha núcleos de outros termos de natureza nominal (sintagmas nominais). Observemos:

Sujeito Predicado
Maria chegou.
A bela Maria chegou.
Na prima oração, você tem o sujeito Maria, que aparece desacompanhado de adjuntos adnominais. Na segunda oração, o termo Maria continua sendo sujeito, mas vem acompanhado de adjuntos adnominais (A e bela). Vejam que os adjuntos adnominais, quando são inseridos na oração, não criam um novo termo, mas simplesmente acompanham um existente. Assim, nos dois casos da tabela, o termo inteiro que exerce a função de sujeito pode ser substituído pelo pronome ela (Ela chegou).

Continuando, depois te ter comido o bolo, o sujeito dará sua opinião sobre ele:
Eu considerei o bolo gostoso.
Eu o considerei gostoso.

Nesse caso, o pronome o é capaz de substituir somente o bolo (OD), devendo o termo gostoso ser repetido. Isso acontece porque o OD é constituído somente por o bolo, sendo a palavra bolo seu núcleo e o artigo o um adjunto adnominal. Gostoso é predicativo do objeto, um termo separado do OD, que o qualifica. Sendo assim, não pode estar contido no pronome que representa o OD.

A frase do enunciado fica assim:
Esse pacto tornou a passagem possível.
Esse pacto a tornou possível. (possível não pôde ser substituído pelo pronome junto de a passagem – é predicativo do objeto).

Passemos, agora, à análise das alternativas da questão, em busca do outro predicativo do objeto.

Letra a: ágeis
O mais criativo foi, sem dúvida, o estabelecimento dos juizados especiais, cíveis e penais, que aproximaram a Justiça da população e tornaram mais ágeis as decisões de interesse de maior parcela de brasileiros em questão relevante, como a defesa de seus direitos.

Organizando (o pronome relativo “que” retoma “juizados especiais” e funciona como sujeito de “tornaram”):

S OD Pred. OD
[Os juizados especiais] tornaram [as decisões] [mais ágeis.]

Os juizados especiais tornaram-nas mais ágeis. (não está contido no pronome nas).

Mais ágeis é predicativo do objeto.

Letra b: inassimiláveis
Daí a inserção de matérias inassimiláveis em qualquer Constituição (…).

Inserção é substantivo abstrato e de matérias inassimiláveis é seu complemento nominal (veremos a diferença entre adjunto adnominal e complemento nominal no próximo post!).

Como o termo a que se refere inassimiláveis sequer é OD, não há como confundi-lo com predicativo do OD. Inassimiláveis é adjunto adnominal de matérias.

Inassimiláveis é adjunto adnominal.

Letra c: vitais
S OD
[A economia] consagrou [princípios vitais]: (…)

A economia consagrou princípios vitais.
A economia os consagrou. (vitais está contido no pronome os – é adjunto adnominal, e não predicativo do OD).

Vitais é adjunto adnominal.

Letra d: ampla
Feitas as ressalvas, não é exagero afirmar que a Constituição de 1988, batizada “Constituição Cidadã” pelo presidente Ulysses Guimarães, ofereceu ao povo brasileiro a mais ampla Carta dos direitos individuais e coletivos e o mais completo conjunto de direitos sociais que o país conheceu.

Organizando:
S OI OD
[A Constituição] ofereceu [ao povo brasileiro] [a mais ampla Carta (…)]

A Constituição ofereceu ao povo brasileiro a mais ampla Carta.
A Constituição a ofereceu ao povo brasileiro. (o termo destacado foi completamente substituído pelo pronome a. Logo, fora o seu núcleo – Carta – são todos adjuntos adnominais, inclusive “ampla”).

Ampla é adjunto adnominal.

Letra e: importante
Esse pacto, talvez o mais importante de nossa história republicana, ensejou a eleição da chapa Tancredo Neves/José Sarney, por intermédio do Colégio Eleitoral (…)

O termo pacto pode ser subentendido antes de mais importante, de modo que importante seria seu adjunto adnominal.

Importante é adjunto adnominal.

RESPOSTA: letra A.

Para quem quiser ler o texto completo, deixo um link do site da Academia Brasileira de Letras: http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?from_info_index=31&infoid=8257&sid=622

Quem quiser ter acesso à prova completa, basta ir ao site http://www.pciconcursos.com.br e procurar pela prova de Analista Legislativo – Processo Legislativo – Senado Federal – FGV – 2008.

Espero que tenham gostado e que voltem na quinta-feira para verem a diferença entre adjunto adnominal e complemento nominal!

Abraços!

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