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Polícia Legislativa – Senado Federal – FGV (2012)

Olá, pessoas!

Eu acabei não conseguindo postar nada ontem porque ando muito apertado com trabalho e estudos. Não tive tempo!

Mas agora estou aqui com algumas questões fresquinhas da prova do Senado, que foi aplicada no último domingo pela FGV. Seguem algumas questões da prova de Polícia Legislativa comentadas:

Questão 01:

“Essa dança tem duas partes: a primeira consiste em caminhar rebolando em linha reta; a segunda, numa curva sem rebolado, que faz com que a abelha volte para onde iniciou seu rebolado” (l. 24-28).

 

A primeira ocorrência de vírgula no trecho acima se justifica por ser caso de

 

a) isolamento de termo deslocado no período.

b) separação de aposto.

c) assíndeto.

d) zeugma

e) separação de oração subordinada adjetiva restritiva.

 

Resposta:

A vírgula, como sabemos, pode ser utilizada para marcar a elipse (ou omissão) de um termo. No trecho citado, a razão da primeira vírgula é justamente esta: marcar que o termo “consiste” foi omitido. Vejamos:

Essa dança tem duas partes: a primeira consiste em caminhar rebolando em linha reta; a segunda consiste numa curva sem rebolado…

 

Para evitarmos a repetição do verbo “consiste”, o retiramos e colocamos uma vírgula no lugar, do jeito que foi feito no texto!

A dificuldade da questão, na verdade, é saber que zeugma e elipse são a mesma coisa! Quem sabia faturou a questão!

RESPOSTA: letra D.

Questão 02:

 

“É verdade que muitas vezes ouvimos discursos nos quais o candidato derrotado decreta que ‘decidido o pleito, vamos trabalhar juntos pela proposta vencedora’, mas na maioria das vezes isso não passa de retórica”. (L.91-96).

 

Tomando o trecho acima como discurso direto, assinale a alternativa em que se tenha feito corretamente a passagem para o indireto.

 

a) O texto afirma que seria verdade que muitas vezes ouviríamos discursos nos quais o candidato derrotado decretaria que, decidido o pleito, iremos trabalhar juntos pela proposta vencedora, mas na maioria das vezes isso não passará de retórica.

b) O texto afirma que é verdade que muitas vezes ouvimos discursos nos quais o candidato derrotado decreta que, decidido o pleito, iríamos trabalhar juntos pela proposta vencedora, mas na maioria das vezes isso não passaria de retórica.

c) O texto afirma que era verdade que muitas vezes ouvíamos discursos nos quais o candidato derrotado decretava que, decidido o pleito, íamos trabalhar juntos pela proposta vencedora, mas na maioria das vezes isso não passava de retórica.

d) O texto afirma que é verdade que muitas vezes ouvimos discursos nos quais o candidato derrotado decretava que, decidido o pleito, íamos trabalhar juntos pela proposta vencedora, mas na maioria das vezes isso não passava de retórica.

e) O texto afirma que era verdade que muitas vezes ouvíamos discursos nos quais o candidato derrotado decreta que, decidido o pleito, iríamos trabalhar juntos pela proposta vencedora, mas na maioria das vezes isso não passaria de retórica.

 

Resposta:

            Para passarmos um trecho do discurso direto para o indireto, temos que pensar no seguinte: aquilo que vai ser reconstruído (no discurso indireto) corresponderá a um tempo posterior se comparado àquele em que foi proferida uma fala do discurso direto (afinal, se vamos repetir o que alguém já disse, teremos que fazer isso depois da fala). Vejamos um exemplo:

Discurso direto: “Estou com vontade de tomar sorvete”, disse Maria.

 

Discurso indireto: Maria disse que estava com vontade de tomar sorvete.

 

Na passagem do discurso direto para o indireto, o verbo que está no presente do indicativo vai para o pretérito imperfeito do indicativo.

Discurso direto: “Tomarei sorvete hoje”, disse Maria.

 

Discurso indireto: Maria disse que tomaria sorvete naquele dia.

 

O verbo no futuro do presente deve ir para o futuro do pretérito, pois este tempo indica justamente um fato futuro tomado como “por acontecer” tendo como referência um momento passado. Observe que advérbios como “hoje” e “agora” também sofrem alterações. Deverão ser trocados por “ontem”, “naquele momento” etc.

No trecho da questão, temos que fazer as seguintes transformações:

É à era; ouvimos à ouvíamos; decreta à decretava; vamos à íamos; passa à passava.

RESPOSTA: letra C.

Ficamos com essas questões por hoje! As observações sobre a passagem do discurso direto para o indireto são apenas as referentes a essa questão. Há mais regras que se aplicam ao caso, mas isso é tema para outros posts!

Para quem quiser ler o texto da prova completo, segue o link: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,como-as-abelhas–exercem-a-democracia-,821615,0.htm

Abraços!

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Adjunto adnominal x complemento nominal

Sejam bem-vindas ao blog, pessoas!

Conforme prometido, hoje é dia de fazermos a diferença entre adjunto adnominal e complemento nominal, e vamos fazer isso do ponto de vista prático!

Adjuntos adnominais e complementos nominais são termos que acompanham nomes. Para distinguir um do outro, devermos prestar atenção no seguinte:

 

Adjuntos adnominais acompanham substantivos, sejam eles concretos ou abstratos.

Complementos nominais acompanham substantivos abstratos, adjetivos ou advérbios.

Além disso, complementos nominais são sempre regidos por preposição, o que não pode ser dito a respeito dos adjuntos adnominais.

Pelo que acabou de ser dito, podemos chegar a uma conclusão: só poderemos ter dúvida sobre a função do termo (se A.ADN ou CN) quando ele acompanhar um substantivo abstrato (que indica ação, qualidade ou sentimento) e for introduzido por preposição!

Esquematizando:

 

Adjunto Adjunto ou complemento Complemento
Substantivo concreto Substantivo abstrato Adjetivo

Advérbio

 

Então não teremos dúvidas:

1. Se o termo acompanhar substantivo concreto, pois ele será adjunto adnominal:

Areia da praia.

            Menino do rio.

            Casa de tijolos.

2. Se o termo acompanhar adjetivo, pois ele será complemento nominal:

            Sou contrário à sua decisão.

3. Se o termo acompanhar advérbio, pois ele será complemento nominal:

            Manifestou-se contrariamente à sua decisão.

 

Quando depararmos com um substantivo abstrato, deveremos proceder à seguinte análise:

  • O termo tem natureza ativa? Se sim, ele é um adjunto adnominal.
  • O termo tem natureza passiva? Se sim, ele é um complemento nominal.

 

Seguem alguns exemplos:

A pergunta do professor foi interessante.

Analisando o termo do professor, vemos que ele é um termo agente, pois indica que o professor fez a pergunta. Do professor é, portanto, um adjunto adnominal.

 

A pergunta ao professor foi interessante.

Aqui, temos o inverso. Com a frase construída assim, percebemos que ao professor recebe a ação, é um termo paciente, pois indica que o professor recebeu a pergunta. Sendo assim, é um complemento nominal.

 

Amor de mãe é infinito –> a mãe ama (é agente). Logo, o termo é um adjunto adnominal.

 

O amor à mãe é infinito –> a mãe é amada (é paciente). Logo, o termo é um complemento nominal.

 

Em relação aos substantivos abstratos que indicam ação, há, ainda, uma outra forma de tirar a prova sobre a função exercida pelo termo que os acompanha. Trata-se da verbalização dos substantivos abstratos indicativos de ação. Os termos que exercerem a função de complemento do verbo (OD, OI e ADJ ADN) exercerão a função de complemento nominal do nome correspondente. Os que não forem complemento do verbo, serão adjunto adnominal quando relacionados ao nome correspondente.

 

Explica-se:

 

O substantivo abstrato construção indica a ação de construir. Analisemos algumas frases:

 

A construção do prédio  demorou anos.

             Utilizando o verbo construir, teríamos, por exemplo: alguém constrói o prédio, situação em que prédio seria complemento do verbo. Transformando-se o verbo em nome, o que era complemento verbal vira complemento nominal. Logo, do prédio é CN.

 

A construção da construtora Líder é de boa qualidade.

              Nesse caso, teríamos a seguinte estrutura: a construtora Líder construiu o prédio. A construtora Líder não é complemento do verbo (é o sujeito). Sendo assim, não será complemento do nome. O termo destacado aqui, então, é adjunto adnominal.

 

Lancemos mão, agora, de uma questão de 2010 da FGV (TRE/PA – técnico judiciário):

 

Partidos são fundamentais para a consolidação da democracia e o permanente desenvolvimento da cidadania e devem existir – de verdade – em bases cotidianas. (L.56-59)
Os termos sublinhados no período acima classificam-se, respectivamente, como

(A)  objeto indireto e objeto indireto.

(B)  adjunto adnominal e adjunto adnominal.

(C)  adjunto adnominal e complemento nominal.

(D)  complemento nominal e adjunto adnominal.

 (E)  complemento nominal e complemento nominal.

RESPOSTA:

Aplicando-se as regras mencionadas acima, fica fácil responder à questão.

Em ambos os casos temos substantivos abstratos derivados de ação (consolidar –> consolidação; desenvolver –> desenvolvimento). Basta vermos se os termos que os acompanham têm natureza de agente ou de paciente.

Podemos dizer que em “a consolidação da democracia”, o termo democracia sofre a ação de ser consolidada (é passivo). Logo, é CN.

Em “desenvolvimento da cidadania”, o termo cidadania sofre a ação de ser  desenvolvida (também passivo). Logo, é CN.

 

Se preferíssemos aplicar a técnica da verbalização, procederíamos assim:

CONSOLIDAÇÃO –> consolidar:  Alguém consolida a democracia. (Democracia é OD).

 

DESENVOLVIMENTO –> desenvolver: Alguém desenvolve a cidadania. (Cidadania é OD).

 

Como ambos os termos são complementos verbais quando completam o verbo, passarão  a ser complementos nominais quando os verbos que acompanham sofrerem nominalização.

 

RESPOSTA: letra E.

 

Espero que o post tenha sido útil!

 

Abraços a todos!

 

 

 

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Adjunto Adnominal e Predicativo do Objeto

Saudações, alunos reais e virtuais!

Hoje, ao invés de comentar várias questões de uma prova, comentarei apenas uma questão da prova de Analista Legislativo do concurso do Senado, que foi aplicada em 2008 pela FGV. Mas, claro, aproveitarei para fazer comentários sobre a matéria cobrada!

Para que possamos fazer a questão, copiarei os trechos do texto necessários.

Questão: Assinale a alternativa que desempenhe, no texto, função sintática idêntica à de possível (L.7)

a) ágeis (L.49)
b) inassimiláveis (L. 18)
c) vitais (L. 63)
d) ampla (L.31)
e) importante (L. 5)

RESPOSTA:
A primeira coisa a ser observada é a seguinte: o enunciado pede para que encontremos a alternativa que exerça a mesma função sintática do termo destacado.
Quando falamos em função sintática, referimo-nos ao papel desempenhado pela palavra ou pelo termo na oração. São exemplos de funções sintáticas: sujeito, predicativo do sujeito, objeto direto, objeto indireto etc.
Não confunda função sintática com classe morfológica. A classe da palavra diz respeito à sua natureza, e não à função que ela exerce. São classes morfológicas: substantivo, artigo, pronome, adjetivo, conjunção, numeral, preposição, interjeição, advérbio e verbo.
Vejamos o trecho do enunciado:

Esse pacto, talvez o mais importante de nossa história republicana, ensejou a eleição da chapa Tancredo Neves/José Sarney, por intermédio do Colégio Eleitoral, e tornou possível, de forma pacífica, a passagem do regime autoritário para o Estado democrático de Direito.

Em um período tão comprido como esse, o ideal é tirarmos tudo o que não faz diferença para analisarmos somente o essencial. Além disso, colocar a frase na ordem direta ajuda muito!

Esse pacto, talvez o mais importante de nossa história republicana, ensejou a eleição da chapa Tancredo Neves/José Sarney, por intermédio do Colégio Eleitoral, e tornou possível, de forma pacífica, a passagem do regime autoritário para o Estado democrático de Direito.

Organizando o que não está cortado na ordem direta, temos:
S OD Pred. OD
[Esse pacto] tornou a [passagem] [possível].

O verbo tornar pode, como vemos pelo exemplo acima, ser um VTD. Nesse caso, no geral, apresentará, além do OD, um predicativo do objeto, termo que expressa uma característica daquele a que se refere. Possível, então, exerce a função de predicativo do OD na frase que serve como nosso paradigma.
E como fazer para diferenciar o predicativo do objeto de um adjunto adnominal? Duas formas:
1. Na teoria: o predicativo do objeto é termo que complementa o objeto conferindo a ele uma característica, uma qualidade, um atributo. Não pode ser retirado da oração; o ajunto adnominal, por sua vez, é um termo acessório, que qualifica ou define um nome (sendo que este pode estar exercendo função de OD) e que pode ser retirado da oração sem prejuízo de sentido.
2. Na prática: troque o nome por um pronome. Se você conseguir substituir todo o termo por um pronome, é sinal de que os qualificadores que acompanham o núcleo do termo são adjuntos adnominais. Se não conseguir substituir tudo por um pronome, é sinal de que, na verdade, você tem dois termos, sendo um deles o predicativo do objeto, e não somente um termo cujo núcleo é acompanhado de adjunto(s) adnominal(is). (Atenção: naturalmente, essas observações só valem quando estamos analisando a função de termos que qualificam o OD. Do contrário, não há que se falar em predicativo do OD!).

Vejamos exemplos:
Eu comi o bolo gostoso.
Eu o comi.
No exemplo acima, podemos substituir todo o termo bolo gostoso, que é o OD, pelo pronome pessoal o. Isso é sinal de que a palavra gostoso não é um termo independente, mas sim um adjunto adnominal ligado ao núcleo do OD (bolo).
O adjunto adnominal, sozinho, não faz um termo. Ele somente acompanha núcleos de outros termos de natureza nominal (sintagmas nominais). Observemos:

Sujeito Predicado
Maria chegou.
A bela Maria chegou.
Na prima oração, você tem o sujeito Maria, que aparece desacompanhado de adjuntos adnominais. Na segunda oração, o termo Maria continua sendo sujeito, mas vem acompanhado de adjuntos adnominais (A e bela). Vejam que os adjuntos adnominais, quando são inseridos na oração, não criam um novo termo, mas simplesmente acompanham um existente. Assim, nos dois casos da tabela, o termo inteiro que exerce a função de sujeito pode ser substituído pelo pronome ela (Ela chegou).

Continuando, depois te ter comido o bolo, o sujeito dará sua opinião sobre ele:
Eu considerei o bolo gostoso.
Eu o considerei gostoso.

Nesse caso, o pronome o é capaz de substituir somente o bolo (OD), devendo o termo gostoso ser repetido. Isso acontece porque o OD é constituído somente por o bolo, sendo a palavra bolo seu núcleo e o artigo o um adjunto adnominal. Gostoso é predicativo do objeto, um termo separado do OD, que o qualifica. Sendo assim, não pode estar contido no pronome que representa o OD.

A frase do enunciado fica assim:
Esse pacto tornou a passagem possível.
Esse pacto a tornou possível. (possível não pôde ser substituído pelo pronome junto de a passagem – é predicativo do objeto).

Passemos, agora, à análise das alternativas da questão, em busca do outro predicativo do objeto.

Letra a: ágeis
O mais criativo foi, sem dúvida, o estabelecimento dos juizados especiais, cíveis e penais, que aproximaram a Justiça da população e tornaram mais ágeis as decisões de interesse de maior parcela de brasileiros em questão relevante, como a defesa de seus direitos.

Organizando (o pronome relativo “que” retoma “juizados especiais” e funciona como sujeito de “tornaram”):

S OD Pred. OD
[Os juizados especiais] tornaram [as decisões] [mais ágeis.]

Os juizados especiais tornaram-nas mais ágeis. (não está contido no pronome nas).

Mais ágeis é predicativo do objeto.

Letra b: inassimiláveis
Daí a inserção de matérias inassimiláveis em qualquer Constituição (…).

Inserção é substantivo abstrato e de matérias inassimiláveis é seu complemento nominal (veremos a diferença entre adjunto adnominal e complemento nominal no próximo post!).

Como o termo a que se refere inassimiláveis sequer é OD, não há como confundi-lo com predicativo do OD. Inassimiláveis é adjunto adnominal de matérias.

Inassimiláveis é adjunto adnominal.

Letra c: vitais
S OD
[A economia] consagrou [princípios vitais]: (…)

A economia consagrou princípios vitais.
A economia os consagrou. (vitais está contido no pronome os – é adjunto adnominal, e não predicativo do OD).

Vitais é adjunto adnominal.

Letra d: ampla
Feitas as ressalvas, não é exagero afirmar que a Constituição de 1988, batizada “Constituição Cidadã” pelo presidente Ulysses Guimarães, ofereceu ao povo brasileiro a mais ampla Carta dos direitos individuais e coletivos e o mais completo conjunto de direitos sociais que o país conheceu.

Organizando:
S OI OD
[A Constituição] ofereceu [ao povo brasileiro] [a mais ampla Carta (…)]

A Constituição ofereceu ao povo brasileiro a mais ampla Carta.
A Constituição a ofereceu ao povo brasileiro. (o termo destacado foi completamente substituído pelo pronome a. Logo, fora o seu núcleo – Carta – são todos adjuntos adnominais, inclusive “ampla”).

Ampla é adjunto adnominal.

Letra e: importante
Esse pacto, talvez o mais importante de nossa história republicana, ensejou a eleição da chapa Tancredo Neves/José Sarney, por intermédio do Colégio Eleitoral (…)

O termo pacto pode ser subentendido antes de mais importante, de modo que importante seria seu adjunto adnominal.

Importante é adjunto adnominal.

RESPOSTA: letra A.

Para quem quiser ler o texto completo, deixo um link do site da Academia Brasileira de Letras: http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?from_info_index=31&infoid=8257&sid=622

Quem quiser ter acesso à prova completa, basta ir ao site http://www.pciconcursos.com.br e procurar pela prova de Analista Legislativo – Processo Legislativo – Senado Federal – FGV – 2008.

Espero que tenham gostado e que voltem na quinta-feira para verem a diferença entre adjunto adnominal e complemento nominal!

Abraços!

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